Era
uma manhã chuvosa de 1994. Eu estava na 4ª série. E conheci o RPG.
A poderosa arte de Jeff Easley |
Um
amigo meu levou para a escola uma caixa enorme, linda, com um dragão vermelho
investindo dramaticamente. Fazendo frente à ele, um mero humano, bravo, empunhando um
machado. Estava pronto pra enfrentar a besta. Pronto para morrer em batalha.
Aquilo me fisgou para sempre. “Como assim um jogo” – eu perguntei. “Mas como
faz pra ganhar? Tem que matar esse dragão?”. Com essas perguntas em mente, eu e
meus amigos fomos pro recreio experimentar aquele estranho jogo.
Exclamei
novamente ao abrir a caixa e contemplar os componentes: tabuleiro,
miniaturas, livros lindamente ilustrados, dados coloridos e bizarros!
Esses são exatamente os dados que vieram na caixa! |
As miniaturas de papelão. |
Meu amigo
já tinha jogado com o irmão mais velho e conseguiu explicar bastante coisa (na
teoria pelo menos):
-
um dos jogadores (ele no caso), seria o Mestre. Esse era um jogador especial,
que contava a história e determinava o objetivo de cada partida.
-
apesar do tabuleiro e das miniaturas, o jogo ocorria principalmente em nossa
imaginação. Mas iríamos usar as miniaturas na hora do combate.
-
o jogo permitia criar seus personagens, mas para agilizar, ele trouxera alguns
prontos para agilizar a partida.
Escolhi
o clérigo. E lembro que nossa primeira aventura foi adentrar um cemitério para
encontrar a jóia de uma princesa. Uma herança de sua avó, que ela queria
reaver. Morremos para mortos-vivos no cemitério e a princesa nunca recuperou
sua tiara. Mas nos divertimos epicamente! Daí, atazanei a vida dos meus pais
até eles comprarem o jogo no Natal.
A primeira masmorra de muita gente por aí. |
A
caixa do Dungeons & Dragons lançada pela Grow correspondia a uma releitura
da lendária Caixa Vermelha da antiga TSR (que fora posteriormente comprada pela
Wizards of the Coast). Levava os personagens do nível 1 ao 5 apenas, mas a
revista Dragão Brasil publicou uma matéria que permitia avançar até o 10º
nível. Na época, cheguei a fotocopiar a matéria e colocar na caixa.
Esse era o artigo da Dragão Brasil. |
Fiquei
fissurado no jogo, ao ponto da minha mãe ter que guardá-lo em épocas de prova!
Tadinha, ela fazia por bem, mas sempre caguei para matemática, física e
química. Eu não queria ser matemático, físico, muito menos, químico. Queria
contar histórias, entreter pessoas com palavras, hoje sou formado em Cinema e
trabalho como produtor e roteirista. Ela pede desculpas ao se lembrar disso, e diz que achava estar fazendo o melhor. Eu acredito
nela, tinha que atravessar aquele hospício infernal com malditas notas altas. O D&D da Grow foi o local onde encontrei o lugar para explorar os
limites da minha imaginação, da minha inerente criatividade, que exercitava na
época, através de desenhos animados, histórias em quadrinhos, filmes do Cinema em Casa e da Sessão da Tarde. Havia encontrado por
fim, um jogo sem fronteiras para minha imaginação.
Bons
jogos a todos.
Comigo foi o mesmo. Mas no meu caso foi o Dragon Quest. Eram três aventuras. A primeira não me lembro bem. Mas na segunda matamos um minotaura que tinha uma espada para matar dragões. Na terceira enfrentamos o dragão vermelho que assolava a região. Detalhe que o dragão tinha algo em torno de 50PV. Muito pouco, mas muito difícil de matar. SENSACIONAL
ResponderExcluirSensacional de fato. Obrigado por ler e compartilhar sua experiência aqui no blog. O próximo post nostálgico será justamente com o Dragon Quest. Por isso continue acompanhando. Abraço.
ResponderExcluirjamais havia visto! muito maneiro!
ResponderExcluirOpa, é um conjunto bem maneiro mesmo. Guardo com muito carinho. Obrigado por ler e comentar.
Excluiré mesmo é
Excluirqual o numero dessa dragao brasil?
ResponderExcluirNúmero 06, página 20.
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirValeu Henrique, curta nossa fanpage para acompanhar novos posts.
ExcluirEu ainda tenho o D&D da Grow! Só que minha caixa já não existe. Mas o resto está intacto. Ótima matéria. Me deixou com vontade de jogar!
ResponderExcluirValeu Franz. Até hoje, gosto de apresentar o jogo à novatos, usando essa caixa da Grow. Abraço.
ExcluirEu cheguei a ganhar essa caixa da Grow de um amigo mas já mestrava RPG a muito tempo. A edição atual era a 3.5 D&D e acabou que nunca consegui jogadores pra poder usar esse material, mas li ele e me ajudou muito a ter boas ideias para as aventuras. Depois também ganhei uma caixa do AD&D segunda edição. Comecei no RPG com os livros jogos do qual tenho muito carinho e coleciono até hoje, seria uma boa você fazer uma matéria sobre eles também .
ResponderExcluirJoguei bastante os livros-jogos da Fighting Fantasy. Principalmente Feiticeiro da Montanha de Fogo e Cidadela do Caos, mas foi uns 2 anos depois que conheci o D&D. Anotei sua sugestão aqui. Obrigado mesmo por ler e comentar. Abraço.
Excluirpessoal, beleza?
ResponderExcluirpoderiam, quem tiver, scanear os jogos Dungeons & Dragons e Dragon Quest e postar aqui no blog os arquivos.
Agradeceria muito, pois meus 2 jogos estão incompletos.
Olá amigo. Infelizmente não tenho scanner bom pra isso. Além disso, evito propagar material com direitos autorais aqui no blog. Disponibilizo apenas material criado por mim ou de terceiros, que permitam. Entretanto, acredito que já exista esse material scanneado em alguns sites por aí. Abraço!
ExcluirEu tinha esse jogo e aos poucos ele foi se acabando nas minhas mãos. Até eu me despedi do pouco que restou do conteúdo da caixa. Uma pena não ter cuidado melhor.
ResponderExcluirUma pena de fato. Resta ficar de olho no Mercado Livre. Abraço e obrigado por comentar.
ExcluirCara, eu tenho meu D&D original ainda, na caixa, quase completo só que tem 6 fichas faltando! E eu gostaria muito de dar um jeito de completar! Será que você não faria o imenso favor de tirar fotos das fichas que me faltam pra eu poder imprimir aqui em papel cartão e completar meu jogo? Me faria muito feliz! =)
ResponderExcluirEllison, bom dia. Esse D&D da Grow vinha apenas com uma ficha em branco para a construção de personagem. Não sei quais 6 fichas você está se referindo... Você não está se confundindo com o First Quest não? Esse aqui: http://tomosdesabedoria.blogspot.com/2016/03/nostalgia-first-quest.html
ExcluirOu você diz as fichas que vinham dentro daquele fichário vermelho? Quais você precisaria, nesse caso?
ExcluirBoa tarde fantástico sabe a média que ele está valendo hoje?
ResponderExcluirOlá. Algo em torno de 200 a 300, dependendo do estado do material. Abraço!
ExcluirChorei lendo sua história cara... Essa caixa também me fisgou décadas atrás. Foi amor a primeira vista. Hoje tento passar a mesma sensação para minhas filhas jogando com elas sempre que posso ❤️
ResponderExcluirValeu, bro! Ver os filhos jogando deve ser uma experiência incrível também. Abraço!
ExcluirBoa noite! Estou ai procurando jogos para iniciar nessa fase do rpg, e esse dungeons e dragons me interessou, alguém ai teria os arquivos para compartilhar e assim para que eu possa mandar imprimir? Meu zap e 34996989416 abraços!
ResponderExcluirBoa noite. Acho que na Biblioteca Élfica tem material pra imprimir. Abraço!
ExcluirPoxa queria muito achar os PDFs desse D&D da Grow. Alguém teria para compartilhar????
ResponderExcluirProcure na Biblioteca Élfica. Deve ter por lá.
ExcluirUma participação tardia:
ResponderExcluirAdentrei o mundo do RPG com o Hero Quest, um jogo pelo qual tenho um apreço enorme! Aquelas figuras, móveis, cenários coloridos e a exploração de masmorras que sempre me fascinaram estavam ali. Aquilo me pegou de jeito. Ganhei o meu com 12 anos e joguei até gastar os dados. Um dia eu estava jogando com meus amigos da escola e uma colega disse "Tu já viu o manual do Dungeons & Dragons? É desse tamanho!!", monstrando com os dedos a espessura do suposto manual.
Um dia um colega meu conseguiu um. Gastamos muito tempo lendo o manual e apredendo a jogar. Finalmente jogamos. Só que no término da aventura pensamos "É só isso? E agora? Todo mundo já sabe o que fazer na história.". Hoje em dia parece muito trivial, mas tente pensar nessa questão com a cabeça de um pré-adolescente no meio dos anos 90 em uma cidade do interior. Estávamos acostumados com jogos objetivos com início, meio e fim. Aí um colega teve um lapso de sabedoria e disse "E se a gente mesmo fazer as histórias?". BUM! A cabeça da gente explodiu! Jogamos muito, muito mesmo! Finais e finais de semana sem pausa! Meu Hero Quest ficou no armário e tenho ele até hoje, o D&D do amigo sumiu no tempo, assim como meu primeiro grupo de RPG. Passei para o AD&D com o First Quest, GURPS, Vampiro: A Máscara e por aí vai. Passei a jogar com outros amigos, em outra escola durante o ensino médio (colegial na época). Durante a faculdade, sem pessoas para jogar, passei a jogar os temíveis RPGs de fórum.
Há uns 8 anos eu comprei um D&D da Grow completo e em perfeito estado! O antigo dono jogou pouco, encontrou guardado no armário pegando cheiro de mofo e vendeu. Um sonho de infância realizado! Hoje em dia meu sobrinho se interessou pelo RPG. Jogamos o D&D e ele adorou, apesar da mecânica mais truncada. Comprou um livro da 5º edição e agora jogamos juntos, ele com as novidades e eu ensinando como mestrar uma partida, como decidir impasses e contando histórias de antigamente. RPG é vida!
Tardia, mas super válida, bro! Adorei o seu relato, pois tive experiência semelhante. Não esqueça que tem resenha nostálgica do Hero Quest aqui no blog também: http://tomosdesabedoria.blogspot.com/2017/02/nostalgia-hero-quest.html
ExcluirBom dia amigo, ja faz tanto tempo de publicação que não sei se será possivel esperar uma resposta, eu me chamo Kalyne, tenho a mesma caixa completa da Grow, o antigo dono nunca havia jogado, gostaria de saber se teria a possibilidade de me encaminhar copia dessas paginas da revista dragão brasil na qual mencionou, meu email: kalynepudim011@gmail.com
ResponderExcluirAgradeço profundamente se puder entrar em contato comigo, grande abraço
Boa tarde. Te mandei e-mail. Abraço.
ExcluirA edição Old School no Brasil.
ResponderExcluirEu acho curioso quando zucas ascendem velas para a B/X ou pra Red Box, sendo que tivemos em português uma versão oficial da linha clássica. E ainda por cima foi escrita por Troy Denning, um cara que não fica devendo pra Tom Moldvay, Frank Mentzer ou David Cook.
Quando se fala em Old School no Brasil, essa caixa deveria ser o referencial.
Concordo plenamente. A Red Box até entendo, pq muita gente conseguiu encontrar ela nas livrarias de importados por aqui. Mas realmente, prefiro mil vezes essa nossa caixa preta da GROW!
ExcluirOlá amigos!!
ResponderExcluirCaramba, hoje pela manhã estava ouvindo o CD de First Quest e agora achei essa matéria, quase chorei lembrando do meu início nesse fantástico mundo.
Por falar nisso quero voltar a jogar, se alguém estiver afim de montar um grupo, pode me chamar, jogo como narrador ou player.
Abraço à todos!!
bastos.ack@gmail.com
Oi Eduardo, sim nosso foco aqui é a nostalgia mesmo: falar de RPG velho e desses momentos tão únicos que ficaram em nossa memória. O D&D da GROW e o First Quest possuem muito apelo emotivo pra mim também, por isso nunca desfiz minha coleção de clássicos. Grande abraço e obrigado por comentar.
ExcluirAquela sensação nostalgica do primeiro contato com o RPG!
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