domingo, 5 de junho de 2016

Resenha: Dados & Homens

Capinha feia!
Mês passado, a editora Record lançou o livro Dados & Homens, escrito pelo americano David M. Ewart. Nele, o jornalista diplomado registra como conheceu o jogo em sua infância, o impacto que D&D teve em sua formação, como se distanciou do jogo por um tempo, e seu retorno às antigas glórias, quando foi arrebatado de volta ao hobby. Mas o livro vai além: remonta a gênese do Dungeons & Dragons, contando como um distinto grupo de wargamers de 2ª Guerra Mundial e Guerras Napoleônicas aos poucos, elaboraram o protótipo do que viria a se tornar o primeiro RPG do mundo. Grupo esse, formado por Gary Gygax e Dave Arneson.
O livro começa meio pedante, com o capítulo “Eu não sou um mago”, que serve como um guia básico para quem apenas ouviu falar do jogo, para os grognards de plantão, algumas frases soam meio tolas, explicando que jogadores de RPG não soltam magias de verdade, não fazem pactos, têm uma “vida normal”, emprego, casam-se, etc. Mas o próximo capítulo já nos apresenta as curiosidades esperadas. 
A estruturação do livro.
O autor fez muitas pesquisas, cada afirmação é devidamente linkada à sua fonte no final do livro. Em qual revista Gary Gygax disse isso, em qual entrevista, Arneson disse aquilo. Ele tenta registrar todas as fases do império que a TSR tinha o potencial de ser, mas que claramente, teve péssima administração: a criação da empresa, o auge do jogo, a queda quando fora associado ao satanismo, as crises financeiras, a briga judicial entre Gygax e Arneson (que durou até a morte de ambos), onde cada processo acionado, Arneson tirava milhares de dólares da TSR. A compra da TSR por uma acionista e a derradeira venda para a Wizards of the Coast que estava fazendo rios de dinheiro com Magic: the Gathering  no final dos anos 90. O livro continua, atravessando a Era D20, a polêmica da 4ª edição e termina com os playtests do D&D Next (hoje simplesmente chamada de 5ª edição).
É um relato repleto de curiosidades, um relato compilado do caminho percorrido pelo jogo. O autor pontua os capítulos com parágrafos grandes em itálico de sua campanha caseira, mas achei esses trechos desnecessários. Além disso, o livro poderia ter fotografias raras já que ele fez tanta pesquisa. Tudo bem que o Google está aí pra isso, mas pela compilação ao qual ele se propõe, fotos das primeiras convenções, dos veteranos, que estiveram nas primeiras sessões, do porão de jogatina de Gary Gygax, tal apelo analógico iria enriquecer bastante o material final.
Alguns relatos da campanha caseira do autor, ocupam uma página inteira!
Por fim, é um livro recomendado para os jogadores. É triste ver a TSR, que nos anos 80, chegou a entrar nas listas das empresas mais lucrativas, entrar em falência. Uma empresa que poderia estar ainda na ativa, com seus fundadores originais. Mas (como o próprio livro diz), quando o dinheiro aumentou, a diversão diminuiu. E seus criadores, infelizmente, morreram amargurados. 


Boa leitura a todos.  

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Grande Arquimago! Bom te ver por aqui. Na verdade, comprei esse livro pois você o viu na livraria e postou uma foto dele. Abração.

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