sexta-feira, 31 de março de 2017

Conan Unchained (the making of)

     
     O filme de 1982, dirigido por John Millius, é importante para mim por vários motivos. A primeira vez que eu assisti, estava com meu pai e provavelmente tinha uns 9 anos de idade. Fiquei surpreso com aquele ator chamado Arnold Schwarzenegger. “É possível ficar tão forte assim, pai?”; ou refletir coisas como “Esse cara é mais forte que o He-Man que é um desenho!”. Sei que não estou sozinho em notar que o Conan de Robert E. Howard não é aquele brutamontes monossilábico retratado no longa, mas temos que dar ao braço a torcer, que como expectadores, fomos todos surpreendidos pela presença e porte físico daquele ator estreante.
      Revi outras vezes depois e em uma dessas vezes, em específico, já estava formado em Cinema e atento às normas narrativas, trucagens (efeitos práticos) e mise-en-scène (composição da cena). E novamente: fiquei fascinado com o tratamento dado ao filme. Adoro sua narrativa lenta: resulta em algo próximo a uma bed time story. Não no sentido de dar sono, mas de sua textura onírica. Thulsa Doom (magistralmente interpretado por James Earl Jones) é uma figura vil, mas ao mesmo tempo exótica e hipnotizante: como uma cobra, na verdade.
     Sem mais delongas, encontrei recentemente esse documentário: Conan Unchained e é incrível ouvir da boca dos idealizadores, todas as percepções que temos (consciente ou inconscientemente) acerca daquele mundo verossímil de fantasia. É um filme primoroso, com uma abertura incrível, trilha sonora referencial e com o narrador em sua forma mais clássica, nos preparando para o que está por vir: uma ópera perdida. Uma peça estranha e impactante, assim como nosso protagonista.

OBS: é impossível não ficar curioso, entretanto, com os tratamentos que o filme receberia nas mãos de outros realizadores. Como verão no documentário, existia uma versão prévia do roteiro repleta de mutantes e afins. No final, fico feliz que adotaram uma proposta mais “funcional”, algo como um registro de um período histórico que nunca existiu. “Menos é mais”, como dizem por aí.


O material tem quase 1 hora, mas vale cada minuto:


quarta-feira, 29 de março de 2017

Papo de Monstro - Displacer Beast

Olá! Bem vindos a uma nova edição do Papo de Monstro.

Vamos manter a pegada da coluna anterior e falar de mais uma criatura de D&D. Outro monstro que teve sua origem em Greyhawk e segue até hoje sendo parte de nosso hobby.

Um grande vulto pula de trás das pedras e aterrissa com agilidade à sua frente. Vocês conseguem ver o que aparenta ser uma grande pantera de pelo preto e seis patas. Além disso, dois tentáculos saem de suas costas. A fera ruge e vocês percebem algo estranho com o som, mas não sabem dizer exatamente o quê.

Como dito anteriormente, a Pantera Deslocadora (Displacer Beast, no original) foi uma criação de Gary Gygax para Greyhawk, o primeiro suplemento de Dungeons & Dragons. Mas, diferente do Beholder, ele não foi criado do zero por Gygax. Como o próprio autor explica, ele pegou a ideia de um monstro chamado Coeurl.

“Se me lembro bem, copiei a Pantera Deslocadora do livro ‘Voyage of the Space Beagle’. Era um dos monstros de lá – eles sugavam algo dos humanos com seus tentáculos.” (Traduzido de - https://web.archive.org/web/20070308031559/http://ridureyu.tripod.com/ggygax.html)

A Pantera Deslocadora original

Ilustração do Coeurl em sua aparição original

Apesar de visualmente semelhantes, as habilidades dessas criaturas são muito diferentes. Enquanto o Coeurl usa ondas de rádio para se comunicar; a principal característica da Pantera Deslocadora é seu poder de “deslocamento”, ele faz com que o animal pareça estar a cerca de um metro de onde realmente está. Isso faz com que ela seja muito difícil de ser acertada em combate.

Assim como o Beholder, a Pantera Deslocadora se tornou um dos ícones do D&D, aparecendo inclusive nos dois jogos de D&D nos fliperamas: Tower of Doom e Shadow Over Mystara. Também nos videogames, a Pantera Deslocadora empresta seu nome para uma magia de druida em World of Warcraft.



Mas não é só nos videogames que a influência da Pantera Deslocadora se faz presente: Hora de Aventura, um dos melhores desenhos animados da atualidade, também fez sua homenagem com o Gato Demônio, do episódio "Dungeon".

Gato Demônio de Hora de Aventura

Por hoje é só, amigos. Contem nos comentários sobre seus encontros com essa criatura e digam o que acham dela. Até a próxima!

PS: Um último comentário sobre o Coeurl. Sua influência na cultura pop não se limita a Pantera Deslocadora. Ele receberá sua própria coluna no futuro. ;D

sábado, 25 de março de 2017

A trinca para jogadores iniciantes



Diversão garantida com esses três.
     Geralmente, durante as férias, levo um jogo na mochila para caso encontrar uma galerinha que nunca ouviu falar de RPG, ou que já tenha alguma noção, mas que nunca sentou pra jogar. Olhei para minha estante e percebi que existem três títulos que uso bastante para isso: Dungeon World, 3D&T Alpha e Old Dragon. A saber, por pura questão de bom senso, optei pelos seguintes requisitos:

1 – o livro está disponível oficialmente em português;
2 – o livro não está esgotado, ou seja, posso apresentar o jogo e é viável de ser adquirido sem o estigma de “artigo raro” entre colecionadores.
3 – que exista uma fan base engajada: com muitas adaptações e material disponível gratuitamente.

Manual 3D&T Alpha

Esse RPG dispensa apresentações. Nascido nas páginas da ressuscitada Dragão Brasil, o jogo é aberto e genérico. Jogue uma campanha futurista, medieval, baseada em um filme, em um anime. O que quiser. O jogo possui pacotes de vantagens, desvantagens e perícias que podem ser customizados ao extremo. Seu sobrinho não para de assistir Naruto no tablet? Arrume uma adaptação do anime (ou faça a sua própria) e chame-o para jogar. Vale lembrar que o jogo está disponível no site da Jambô Editora para download gratuito. Mas acredite: vale a pena ter o livro na mão, pois o jogo exercita a modularidade por parte do Mestre, ou seja, filtrar o que é permitido ou não na campanha que dará início. Bônus: só usa dados de 6 faces. 

Old Dragon

Uma versão amigável e honesta para iniciar no Dungeons & Dragons. As “vacas sagradas” estão todas lá: os seis atributos, as classes, as raças, equipamentos, magias e monstros a serem combatidos. É um RPG completo, mas existem incontáveis materiais para expandir o livro básico, mas isso é um processo natural conforme o grupo for se sentindo à vontade com o jogo. Como acontece no 3D&T, a comunidade de jogadores é muito unida, compartilhando ideias, aventuras e regras caseiras. O jogo necessita do conjunto de dados completo do D&D (que hoje em dia é fácil obter) e é um livrinho bem ilustrado e formatado de maneira portátil.  Novamente, a REDBOX acerta: disponibilizando gratuitamente o livro básico. Existe um grupo na minha cidade que joga desde o lançamento e não quer outra vida! Old Dragon é puro amor!

Dungeon World

Alguns podem torcer o nariz pois Dungeon World tem aspectos narrativos que desconstroem muito do que foi estabelecido no hobby, mas o livro é tão bem escrito e organizado que isso não compromete em nada como porta de entrada para novatos. A estrutura de movimentos básicos, como Desafiar o Perigo, Matar e Pilhar, Disparar ou Discernir Realidades são bem intuitivos e divertidos de colocar em prática. É impagável um personagem entrar em uma casa abandonada, fazer um teste de Discernir Realidades, e poder perguntar para o Mestre (que deve responder honestamente): “O que aconteceu aqui recentemente?”. Dungeon World entra nessa seleção por ser um paradoxo, uma anomalia: um jogo robusto, mas ainda simples. Um jogo que consegue emular a mais clássica e colorida fantasia, até o mais sinistro que o gênero dark fantasy tem a oferecer. Aqui temos outro exemplo de comunidade de jogadores unida. Alguns entusiastas do jogo fizeram adaptação até de Star Wars para o Dungeon World. Não deixe de conferir.

Essas são apenas três sugestões, que por experiência própria, deram ótimos resultados em grupos de novatos. Adoro outros jogos, mas do que adiantaria indicar um jogo em inglês para jovens que ainda não entendem o idioma? Do que adiantaria "pagar de hipster" e indicar jogos fora de catálogo desde 1986? Livros que demandam um investimento grande de dinheiro para jogadores que ainda estão na escola? Acho que não...

Abraço a todos e bons jogos!       

quarta-feira, 22 de março de 2017

Papo de Monstro - Beholder

Olá, pessoal! Meu nome é Miguel Peters e gostaria de lhes apresentar a mais nova coluna do blog Tomos de Sabedoria: O Papo de Monstro!

O objetivo dessa coluna é simples: Vamos analisar os monstros de diversos produtos da nossa cultura pop (RPG, jogos, quadrinhos, desenhos, filmes) para entendermos um pouquinho mais sobre eles. Saber de onde vieram suas inspirações, por que foram criados, esse tipo de coisa.

Para começar em grande estilo, vamos falar de um dos monstros mais icônicos e famosos do RPG de mesa. Uma criatura tão marcante que já foi retratada em filmes, jogos e diversas outras mídias.

A criatura flutua poucos metros à frente de vocês. Um corpo redondo com um grande olho que nunca pisca. Logo abaixo, vocês podem ver uma enorme boca, repleta de dentes muito afiados. Desse corpo flutuante saem diversos tentáculos, cada um deles possui um pequeno olho em sua ponta...

O Beholder (ou observador, em português) foi criado por Terry Kuntz e Gary Gygax e fez sua “estreia” na capa de Greyhawk (confiram a imagem abaixo), o primeiro suplemento lançado para Dungeons & Dragons, em 1975.

O Beholder na capa de Greyhawk

Segundo Rob Kuntz, o Beholder imaginado por seu irmão não era exatamente igual à versão que Gygax acabou usando em Greyhawk.

“O Beholder de Terry era bem diferente, principalmente pela forma que meu irmão o apresentou: um conto curto, que detalhava sua ecologia e família. (...) Na ideia de Terry, eles eram criaturas raras e mal compreendidas; vivendo sozinhas em áreas isoladas. Ao receber o material de Terry, Gygax o tornou mais genérico, o que deixou a criatura menos impressionante.”
(Traduzido de - http://odd74.proboards.com/post/58064)

Após essa primeira publicação, o Beholder foi se tornando um dos ícones do D&D e da cultura pop em geral. Sites como o io9 e revistas como a Wizard já o colocaram como um dos monstros mais memoráveis dos jogos de RPG.
Claro que esse sucesso não ficaria restrito às nossas mesas e mentes. O Beholder já se fez presente em diversos filmes e desenhos animados. Sem dúvida, a mais famosa aparição desse monstro na cultura pop é sua participação em Caverna do Dragão; o monstro tem um episódio inteiro dedicado a ele. O observador também faz uma ponta no filme oficial de Dungeons & Dragons.
O Beholder em Caverna do Dragão 
Além disso, o Beholder também inspirou criaturas de outros autores, como o monstro flutuante de Aventureiros do Bairro Proibido e o “Espiada” de Apenas um Show.

Espiada, o "Beholder" de Apenas um Show

Aventureiros do Bairro Proibido 
Atualmente, o Beholder é tratado e protegido pela Wizards of the Coast como uma das principais identidades visuais e criativas de Dungeons & Dragons. Demonstrando, sem sombra de dúvidas, o quão icônico esse monstro se tornou na mente de todos os jogadores.

Bom, pessoal. Essa foi nossa primeira coluna. Espero que tenham gostado.
Se quiserem saber mais sobre mim e ler mais alguns textos, me sigam no Twitter: @miguelpeters.

Até a próxima!

domingo, 19 de março de 2017

Loja de itens mágicos ou não?

"What can I do for you?"
     Quando vou iniciar uma nova campanha, sempre me pergunto se permitirei a existência de um comércio viável e estabelecido de itens mágicos para os aventureiros. Os mais puritanos, torcem completamente o nariz para esse tipo de recurso. Para eles (e para o movimento OSR como um todo), itens mágicos devem ser únicos. Todos eles foram confeccionados por alguém por algum motivo (geralmente nefasto). Gosto muito desse tipo de abordagem. Acontece que eu TAMBÉM gosto da idéia de mercadores exibindo suas mercadorias fantásticas e os personagens gerenciando maravilhas recém descobertas. Obviamente, é uma questão de gosto.
     Acredito, porém, que o fator que mais pesa entre essas duas propostas é o cenário ao qual se dará a aventura (ou campanha). Essa decisão por parte do Mestre está diretamente ligada à identidade do cenário escolhido: um cenário low fantasy (Era Hiboriana de Conan, por exemplo) dificilmente acolherá um sistema comercial tão simplista. Digo simplista, não para difamar, mas para deixar claro, que não é raro em mercados de Shadizar, surgirem vendedores de lótus e outros itens com propriedades místicas e desconhecidas, mas geralmente eles são ferramentas ligadas à trama, ou seja, fazem a história seguir adiante ou garantem pistas para eventos vindouros. Entretanto, ainda usando o mesmo exemplo, não há a menor possibilidade de encontrar com esses vendedores, genéricas “armas +1, armas +2”, etc.
     Já em cenários high fantasy (Eberron, por exemplo), acredito ser possível e até interessante a existência desse escambo mágico. Ora, se o personagem olha para o lado e vê plataformas mágicas levando citadinos para diferentes níveis e distritos da cidade, trens movidos por energia Elemental e magos utilizando suas aptidões sobrenaturais nas ruas, por que não haveria uma loja de itens mágicos no Distrito Comercial? Verossimilhança, a meu ver.
     Como mencionei, acima, é uma questão inteiramente pessoal. Só acho digno de nota, pois me divirto com ambas as propostas. Em uma longeva campanha de Dungeons & Dragons 3ª edição, joguei com um mestre que fazia como no jogo eletrônico Diablo: os itens mágicos eram separados por nível. Você até podia no 3º nível, encontrar uma arma mágica com bônus de 2, mas só seria possível dominar (e portanto, utilizar) a arma, a partir do 6º nível. Antes disso, a arma só poderia ser usada para trocar por outros itens de valor igual ou inferior a mesma. É uma medida interessante para ter um pouco mais de controle sobre os itens adquiridos pelos jogadores.
     E quanto a vocês? Como funciona o escambo mágico na mesa de vocês? Ele existe prontamente, é limitado ou inexistente?


Abraço a todos e bons jogos!  

terça-feira, 14 de março de 2017

Cavaleiros Negros

    
Lorde Soth é o Cavaleiro Negro mais famoso de D&D.
     
     Poucos vilões são mais assustadores que o trope de uma figura fantasmagórica trajada de preto, como um avatar da própria morte. O imagético é muito poderoso e o contraste com nossos heróis, é dramaticamente conveniente desde o primeiro momento: o antagonista perfeito! A luz contra a escuridão. Algumas dessas figuras se postam tão aterradoras que elas nem exigem falas ou interpretações afetadas: a simples presença completa o papel a desempenhar. Por exemplo: felizmente, li A Sociedade do Anel antes dos filmes (não me entendam mal, adoro a trilogia cinematográfica, mas ali é a visão pessoal do diretor para as cenas), e nunca sairá da minha memória, a composição aterradora que EU criei em minha mente para os Cavaleiros Negros perseguindo os hobbits (até então sem informações acerca do Inimigo) pelo Bolsão até Bri (onde eles achavam estarem seguros, junto à “civilização”). Tanto os hobbits, quanto os leitores, não sabiam quem eram eles, seus nomes, suas origens. A concepção dos vilões, bastava.
    Nas lendas arthurianas, a figura surge de diversas formas: no conto de Sir Percival (escrito no século 14), o Cavaleiro Negro aprisiona a própria esposa depois de escutar que ela trocou alianças com Percival. Nosso herói derrota o Cavaleiro Negro. No conto gaélico Yvain, o Cavaleiro do Leão, um Cavaleiro Negro sobrenatural é invocado por Sir Calogrenant. Essas são apenas algumas aparições mitológicas. O livro “A morte do Rei Arthur”, lançado aqui no Brasil pela Martins Fontes, anos atrás, traz algumas aparições semelhantes.

Cavaleiros Negros podem ser bem insistentes também.
    
    E quanto aos Cavaleiros Negros no RPG? Lembro que usei esse recurso na minha campanha que mais perdurou de AD&D. Era em Forgotten Realms, e a figura era denominada simplesmente como “O General”, que liderava as hordas de orcs, atacando cidade após cidade do norte e era afiliado aos Zhentarim. A primeira parte da Campanha era aprisionar esse vilão em outro plano e a segunda parte, era desvendar a gênese do personagem. Foi memorável para o grupo.
Barão Owl é estranho E misterioso.

Abaixo, 4 arquétipos do Cavaleiro Negro, bastante usados na cultura pop:
  • Origem Sobrenatural: o mais clichê. Um cavaleiro ou nobre nefasto que fora ressuscitado para liderar as forças do Caos.
  • Banido: um cavaleiro que por algum motivo (ou mal-entendido), fora banido da Ordem de Cavalaria. Ele teve que adotar as cores negras pois não era mais digno de usar as cores oficiais da ordem. Ele pode estar em busca de redenção, ou movido por objetivos nada nobres, como vingança.
  • Estranho misterioso ( ou “Síndrome de Barão Owl”): Quais são as motivações dele? Está do lado de quem afinal de contas?
  • Guardião: seja física ou espiritualmente, o Cavaleiro Negro está sob juramento de proteger algo ou um local específico.
    Por fim, seja em séries, filmes, jogos e romances, por mais clichê que possa parecer, a figura
trajada de negro ainda é uma alegoria poderosa. E vocês, já usaram esse recurso dramático nos seus jogos?


 Grande abraço e bons jogos!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Explicando o nome do blog

    Mais de 1 ano depois, resolvo explicar o nome do blog. Recentemente, numa dessas tardes de RPG, estava reunido com meu grupo e um deles, ainda não havia visitado a página. Ele indagou o nome do blog e outro amigo (bem veloz na zoeira), respondeu por mim: “´Tomos de Sabedoria´, pois o Ranieri é muito sábio”. Todos rimos da piada, mas entendi as entrelinhas: soava pretensioso. De fato. Soa mesmo. Daí me senti na obrigação de explicar o nome para o meu grupo e de quebra, deixar registrado aqui para os leitores, a simples curiosidade.
    Tudo começou com uma confusão minha a respeito do título da matéria da Dragon Magazine Nº 01 da Abril Jovem, na década de 90: o título correto era TEMPLOS DA SABEDORIA. Em um episódio de dislexia bizarra, na minha mente ficou uma falsa memória que a matéria se chamava TOMOS DE SABEDORIA. Não me culpe, tinha 8 anos e li apenas uma vez aquela matéria: na casa de um amigo meu. Foi só isso: fiquei com o título errado na cabeça, por anos! No final, já gostava e estava acostumado com a sonoridade das palavras.
    Alguns anos depois, ainda fiz uso do nome errado através de um outro amigo que jogava de clérigo. O personagem dele buscava tomos perdidos no deserto, ele contou uma história que me convenceu: homens-escorpiões que guardavam livros antigos em criptas. Esses preciosos livros aumentavam em 1 ponto, um atributo específico, de quem lia suas páginas. Eles adentraram a masmorra e depois de quase sofrerem um TPK, conseguiram apenas um dos livros. Adivinha qual era o nome? O Tomo da Sabedoria, que era o livro que o clérigo mais desejava. O grupo desistiu de ir atrás dos outros 5 (era um para cada atributo), mas o nome mais uma vez, ficou imortalizado em minha mente.
    No mais, o blog tem objetivos bem simples: debater experiências pessoais na mesa de jogo, colocar algumas dicas e registrar o que ando lendo e jogando. Claro, incluindo relatos nostálgicos dos jogos que joguei nos anos 90 (posts que a galera aparentemente, curte bastante). A saber, o post original da Dragon Magazine (da autoria de Leonardo Cruz), inconscientemente, me marcou profundamente, mostrando o tipo de post que eu mais gosto de ler: uma matéria livre de regras, inspiradora para o Mestre e com teor histórico.


 Bons jogos a todos.  

sexta-feira, 10 de março de 2017

A motivação do aventureiro

     Já vi na minha mesa, jogadores queimando a cabeça sobre a motivação de seu personagem. Por que o mago se arrisca adentrando catacumbas assombradas e mortais? Por que o ladrão entraria no distrito da guarda para roubar tal documento? Só pelo ouro e outras riquezas materiais? Abaixo, preparei uma tabela com alguns resultados para usar de maneira rápida em qualquer jogo na sua mesa. Se estiver jogando uma one-shot, basta lançar o resultado e ler a proposta em voz alta para o jogador (personagens prontos para eventos, já podem vir com essas motivações pré-definidas, por exemplo). Se for uma campanha, terá a oportunidade de se aprofundar ainda mais no conceito sorteado. Por fim, a ideia é que essa motivação seja a fagulha inicial para um background rico e uma interpretação inspirada.

1d20
Motivação a ser trabalhada.
1
Dívida monetária. O personagem simplesmente está devendo grana para um NPC ou grupo.
2
Dívida de vida. Anos atrás o personagem foi salvo por um NPC. Agora, deve retribuir os favores da melhor forma possível.
3
Caçador de emoção. O personagem precisa ser desafiado constantemente.
4
Limpar o nome. O personagem foi acusado (justamente) por um crime.
5
Limpar o nome. O personagem foi acusado (injustamente) por um crime.
6
Amaldiçoado (ou Doente em um cenário de sci-fi). Quem possui a cura?
7
Vingança. Motivação mais clássica, impossível!
8
Protegido raptado. Um parente, amigo ou amante nas mãos de alguém ou grupo perigoso.
9
Amor. O personagem deseja ser notado por uma pessoa em especial.
10
Fama. O personagem deseja ser referência em sua área de ação.
11
Juramento à uma pessoa específica.
12
Juramento à um grupo/facção.
13
Conhecimento. O personagem busca as verdades que fazem a diferença. Sejam elas cósmicas ou físicas.
14
Aprimoramento pessoal. O personagem não liga para a fama. Ele quer apenas provar a si mesmo que pode ser o melhor em seu escopo de habilidades.
15
Amizade. O personagem tem uma forte ligação com alguém, seja NPC ou PC.
16
Defender um local específico. Seja um templo, uma vila, um reino, etc.
17
Política. O personagem é engajado politicamente. Ele tentar mudar o status quo para os fins de um NPC ou grupo específico.
18
Legado. O personagem deve continuar o que outro antes dele, iniciou.
19
O jogador escolhe.
20
O Mestre escolhe.


    Espero que curtam ou que fiquem inspirados para montar a sua própria lista de motivações possíveis. A tabela pode ser usada para qualquer jogo, as várias edições de D&D, Tagmar, 3D&T, GURPS, etc. Só não recomendo usar no Star Wars da Fantasy Flight Games/Galápagos por um motivo óbvio: as motivações já estão integradas nas regras do jogo. No mais, pode ser usada também para motivações rápidas para NPCs. 

Bons jogos a todos!