segunda-feira, 19 de junho de 2017

Nostalgia: Shadowrun


O que dizer dessa arte de Larry Elmore?
 Foi em algum momento entre 1996 e 1997 que tive meu primeiro contato com Shadowrun. “É um mistura entre D&D e Cyberpunk”- foi como um amigo meu, apresentou o jogo. Torci o nariz e peguei o livro para ler. Fiquei instantaneamente apaixonado pelo cenário, pela calamidade dos eventos, pela gênese daquele mundo tão único e evocativo.

Shadowrun veio na fatídica onda de lançamentos que os saudosistas (como eu, confesso) chamam de a “Era de Ouro do RPG”. Marquês Saraiva, Ediouro, Abril Jovem, Devir, Estrela, Grow, e algumas menores desejavam abocanhar fatias desse novo mercado e identificar o público alvo. Shadowrun foi lançado pela Ediouro (originalmente pertencente à americana FASA) e apresentava esse futuro tecnológico tão propagado pelas mídias, mas com um twist: a magia retornou.

Os fãs do gênero cyberpunk são mais puristas e geralmente torcem o nariz para essa proposta, mas consigo apreciar o gênero original e suas facetas desconstruídas. Minhas memórias quando criança e adolescente, jogando Shadowrun são bem positivas. Eram muitas ferramentas para colocar a imaginação a toda! Imagina: um dragão diretor de uma mega-corporação, um anão mendigo que vende itens mágicos em um beco escuro, uma vidente elfa que troca informações em troca de munição para seus irmãos terroristas, xamãs urbanos que canalizavam poder de espíritos que habitavam as cidades, lembro até mesmo uma masmorra confeccionada abaixo dos esgotos de Seattle, onde o grupo deveria obter um pergaminho de grande poder.   
Dois exemplos de Arquétipos. O livro traz muitos outros.
O ano atual da ambientação dessa segunda edição revisada é 2053 e em suma, as profecias maias e astecas se concretizaram de fato. Dando precisamente, em 30 de abril de 2021, início a um cataclismo mágico ao redor do globo. A cada 10 homens e mulheres, uma pessoa sofria mutações terríveis. Muitos simplesmente se deformaram e definharam. Outros, concretizavam uma metamorfose plena, estabelecendo de fato, novas raças. Anões, elfos, Orks (com K mesmo), Trolls começaram a estabelecer sociedades com mentalidade de bairros sociais. A magia também pode ser manipulada entre humanos e meta-humanos, criando um leque único de xamãs urbanos, magos de rua, talismeiros, entre outros.

E quanto as regras? Shadowrun utilizava apenas dados de 6 faces, mas você precisa de um punhado deles. Para efetuar um teste (digamos atirar com uma pistola), jogava-se um numero de dados igual ao seu valor naquela perícia. Após isso, compare os valores que atingiram ou superaram o número-alvo. Um 6 natural, permitia “abrir o dado”, ou seja, continuar jogando e somando os valores para atingir números-alvos maiores, para tarefas próximas ao quase impossível. Hoje em dia, é um desses sistemas considerados “truncados” e com muitas tabelas, mas ainda curto. A criação de personagem é feita com base em uma única tabela: a Tabela de Prioridades. O jogador iria descendo nas prioridades A até a E. Por exemplo: a linha A, tinha as melhores coisas, permitia você ser um meta-humano, OU jogar com um mago humano OU ter 30 pontos de atributo para distribuir entre seus atributos OU ter 40 pontos para suas perícias ou iniciar o jogo com 1 milhão de neo-ienes (a moeda corrente do cenário). Após, escolher qual foi a prioridade A, a próxima tinha possibilidades inferiores. Parece complicado, mas não é. Para acelerar a criação de personagens, o livro trazia um repertório de arquétipos, o RPG não possui Classes, ou algo parecido, mas os arquétipos transmitiam rapidamente, um conceito de personagem para a ambientação. No geral, há bastante liberdade para a criação do personagem.

O sistema de prioridades.
 Juntamente com o livro básico, a Ediouro trouxe ainda a trilogia de romances que formavam uma bela porta de entrada para aquele universo. Como as corporações funcionam? Como a magia funciona? Como a tensão racial pode ser trabalhada? Essas perguntas e muitas outras, os três livros respondiam muito bem. Entre os outros suplementos que viram a "luz do dia" aqui no Brasil estão: Metagen, uma aventura pronta ideal para iniciar uma campanha, o Escudo do Mestre que vinha junto com um caderno de Contatos e um papel cartão com miniaturas de papel e finalmente o Guia do Samurai Urbano, um livro contendo novas armas, implantes e munições. 

A trilogia Segredos do Poder.
  Por fim, Shadowrun fez muito sucesso e possui seguidores bem fiéis por aí e na gringa. Em breve a New Order Editora fará um financiamento coletivo para trazer a 5ª edição para cá. É uma grande chance para poder jogar nesse cenário tão rico e inovador. Apesar que a 2ª edição tem um apelo nostálgico e artístico muito forte para mim. É um dos meus jogos favoritos na estante. Tempos atrás, fiz um reporte de sessão aqui no blog. CONFIRA AQUI.

Abraço a todos!           

6 comentários:

  1. Na época, assim que lia reportagem numa revista, eu adquiri tudo o que saiu da segunda edição de Shadowrun. Já gostava da temática cyberpunk e com isso me tornei um grande fã do cenário de Shadowrun. Porém, por incrível que pareça, nunca joguei ou mestrei uma aventura sequer... e lá se foram mais de 20 anos!

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    1. Eita, que coisa! Mas o que houve? Nunca conseguiu montar um grupo adequado? Obrigado por ter lido e comentado.

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  2. Também nunca consegui jogar nenhuma campanha de cenário cyberpunk, ou fantasypunk.
    Só joguei Shadowrun uma única vez. Mas sempre tive vontade, e tenho bastante vontade de ler a trilogia dos romances, só consegui o "não faça acordos com dragões" no digital.

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    1. Vale a pena procurar nos sebos. Já vi cada livro por 5 reais. Abraço.

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  3. Comprei o meu na Devir já deve ter uns 20 anos, nunca viu mesa infelizmente, os colegas só queriam saber de Storyteller rs. Tem jogado? O que achou do desenrolar do sistema em jogo?

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    1. Jogo sessões esporádicas até hoje. Gosto muito do cenário e do sistema. Que pena que nunca pode jogar. Tente organizar uma one-shot. Grande abraço.

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