Entre 1977 e 1979 a extinta TSR lançou o Advanced Dungeons &
Dragons, uma tentativa de compilar todas as regras de D&D espalhadas em
fanzines, revistas, regras usadas internamente, tudo para que os campeonatos organizados
pela empresa, ficassem mais uniformes. Se tal objetivo foi cumprido ou não, não
posso dizer, mas é fato que a trilogia foi um sucesso, deixando o jogo mais
coeso para os veteranos e apresentando um material bem completo para quem iniciava
no hobby. Só para deixar claro, o Ad&d que veio para o Brasil, pela editora
Abril é o Ad&d 2ª edição revisado.
Prova de seu sucesso foi a alteração das capas (o texto continuou o
mesmo), com o claro intuito de deixar o material mais “amigável” e menos associado
às falácias de ligação ao satanismo. Mudaram para capas mais fantásticas e
heroicas, deixando de lado o famoso ídolo e o Efreet encapetado. Na minha
opinião, essas capas alternativas (as que possuo e ilustram esse post) são bem
mais bonitas e mais impactantes com os trabalhos primorosos de Jeff Easley.
Se todos são mal encarados, quem é o herói afinal? Bons tempos... |
Existem dois pontos a serem destacados quando falamos do Ad&d 1st
edition: primeiro as mudanças de regras. O segundo ponto é a escrita tão
autoral de Gary Gygax. Sua biografia diz que Gygax devorava dicionários
para poder utilizar um vasto leque de sinônimos e palavras em desuso, para
justamente usar em suas campanhas e deixar o texto com um bem-vindo teor "datado".
E quantos
às diferenças entre o D&D e esse tal Advanced?
- Divisão clara, entre os livros, para material para o jogador e
material para o Dungeon Master. Por exemplo, jogadores não precisavam ler sobre
“lidando com personagens perdidos”, “ferramentas para uma aventura mais coesa”, “como
elaborar uma masmorra desafiadora”, etc. Aos olhos dos jogadores ficavam as relações
de magia, regra para criação de personagens e equipamento. Tal recurso fez
sucesso e fora oficialmente adotado para as edições futuras, como sabemos.
- Cisão da Classe de Personagem: agora temos a distinção entre dois
conceitos: classe e raça. Possibilitando muitas combinações. EDIT: Na verdade, o Diogo Nogueira me explicou que o OD&D primeiramente assumia isso, mas para simplificar, o Basic havia fundido classe e raça. Entretanto, as combinações permitidas no OD&D era limitadíssimas.
- Inclusão de Classes como o Assassino, o Monge e de raças como o Meio-Orc.
Três exemplos de material que havia sido publicado nas páginas da Strategic Review
e que agora estavam oficializados nos livros básicos.
- Charges humorísticas: por ser direcionado aos veteranos da época,
estão espalhados pelos livros, inúmeras tiras que fazem referências à situações
conhecidas por muitos jogadores experientes. Se um novato lesse, provavelmente não
entenderia a piada. Para saber mais, escrevi um post especificamente sobre isso
NESSE LINK.
- Revisão das Tabelas de Atributos: As tabelas já existiam, mas elas
foram repensadas e reescritas.
A pergunta que não quer calar: vale a pena jogar Ad&d 1st edition?
Olha, se você for um colecionador, um saudosista e de quebra, um grognard, vale sim. Nesses tempos de Old
School, os livros são muito bonitos e até foram reimpressos tempos atrás em edição
limitada. Ao folhear um livro de arte e grafia tão distintas, é impossível não ficar
inspirado! Além disso, quem jogou o Ad&d 2a edição não terá dificuldades para perceber quando o sinal de soma significar subtração e o sinal de subtração, significar adição....hahaha.
Alguns monstros parecem ter saído de Space Ghost ou de Os Herculóides! |
Por fim, o fato que talvez cause mais confusão na cabeça da galera é que
o AD&D 1st edition, por muito tempo, foi concorrente do próprio D&D. Os
lançamentos eram simultâneos e editorialmente falando isso é um erro básico de
gestão. Chamado no business de “canibalismo
de marcas”. É inegável que a sucessão desses mesmos erros, foi um dos fatores
para a falência da TSR. Lição aprendida pela Wizards quando investiu na
consolidação da marca em 2000. Mas isso é assunto para outro dia.
Abraço a todos e bons jogos!
Muito bom o blog e o post! Parabéns.
ResponderExcluirValeu Álvaro. Grande abraço.
ExcluirBem legal esse blog, sempre que posso leio algo. Ranieri ainda joga? Se sim, o quê?
ResponderExcluirIniciei em 1994 e nunca mais parei! Pra mim, funciona como uma terapia mesmo. Atualmente estou com duas mesas: uma de Dungeon Crawl Classics e outra de D&D 5a edição.
ExcluirGrande abraço e obrigado por acompanhar o blog.
Grande matéria... A ilustrações dessa época carregam um ar realmente mágico.
ResponderExcluirSabe, eu ainda sonho com o dia em que vou poder ler ou comprar o d&d rules cyclopedia (a bíblia do rpg) em português (já que meu inglês não é tão bom).
Valeu Igor. Em breve teremos mais material sobre a Rules. Abraço.
ExcluirNa verdade, a divisão de raça e classe existia desde do D&D original de 74. O D&D Basic que uniu as duas coisas para simplificar.
ResponderExcluirEita, não sabia disso. Como iniciei com o Basic, achava que a cisão era simplesmente um passo natural. Abraço.
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