Se a Dragão Brasil não tivesse reencarnado firme
e forte no Apoia-se, esse seria mais um post da série de nostalgia, por isso,
achei melhor simplesmente pontuar 5 edições que pra mim, foram muito especiais
nos anos 90. Período esse, de difícil acesso à materiais importados e notícias
frescas sobre nosso hobby. A saber, a lista abaixo nem está classificada por
ordem de preferência, mas sim, pela ordem que saíram e impactaram para sempre,
as duas mesas de jogo que tinha na época: uma na escola e outra, com os meninos
da rua, que jogavam aos finais de semana.
Edição 28
Essa era ainda no formato de impressão antigo
e trazia na capa, uma versão medieval do Darth Vader! “Como assim?!” - todos
exclamavam. Essa edição é muito importante pra mim pois direta e indiretamente
(em alguns pontos), me ensinou duas coisas muito importantes no RPG: adaptar
sem limitar sua imaginação e não deixar de jogar em um cenário, só porque não
existe (ou não possui), sua versão oficial. Arrisco a dizer que era o segredo
do sucesso da revista. Uma premissa incrível que muitos deixam passar quando querem
apontar diferenciais da Dragão. Logo, estava adaptando qualquer coisa para
GURPS, Ad&d e Storyteller (a trinca que mais se jogava nas mesas citadas). Falando
em Storyteller, a mesma edição também trazia uma incrível adaptação de Star Wars
para o famoso sistema dos D10. Era minha adaptação favorita, ao ponto de ter um
caderno escrito à mão que expandia e acrescentava regras. Só paramos de jogar
quando comprei o Star Wars oficial da West End Games. Mas ainda lembro com
carinho desse material e como foi valioso naquele período.
Edição 34
A capa trazia o anime Ghost in the Shell, que
juntamente com Akira, assistia até minha VHS embolar no cabeçote. O material
adaptava para GURPS Cyberpunk, o futuro demonstrado no longa animado, e lembro
muito bem de férias inteiras jogando uma campanha com uma unidade policial
caçando andróides renegados, protótipos de fushikomas
que escapavam de laboratórios do governo, etc. Misturava ainda, replicantes de Blade
Runner, Satélites lasers governamentais e outras bizarrices. Além do artigo de
capa, essa edição ainda trazia uma aventura para nível alto de Ad&d, que joguei muito
também. O Legado de Saliz’zar era o nome dela e envolvia um artefato super
poderoso, erinyes dos Nove Infernos e outras referências familiares para os fãs
de Planescape. Até hoje, penso em jogar novamente esse módulo.
Edição 50
O marco comemorativo que trouxe Tormenta para
o cenário nacional. Tecendo o cenário de campanha com grande parte do material
previamente publicado ao longo dos anos na revista. Personagens queridos, locações
memoráveis agora coexistiam, oferecendo um mundo de alta fantasia para
3D&T, GURPS e Ad&d. Detalhe para o mapa-mundi de Arton, repleto de
locais deixados “em branco”, para que os seus personagens explorem e descubram
essas regiões (os jogadores de Dungeon World piram!). Foram muitas tardes criando teorias sobre a origem da tempestade
mágica, explorando o Deserto da Perdição e tentando acessar Vectora, com o
maior e melhor mercado dos reinos.
Edição 36
Outro anime: dessa vez Lodoss War. Essa edição
me marcou pois me possibilitou o seguinte exercício: é possível alterar o tom
de um RPG/Sistema apenas com uma nova premissa, um novo tratamento imagético. Lembro de ter sentado com o
grupo e explicado que nada nas regras iria mudar, mas os combates seriam mais
rápidos, que eles deveriam imaginar tudo no traço de Lodoss, deixando a linda
identidade do Ad&d, (pelo menos em parte), de lado, mesmo com a pegada européia
das vestimentas, arquitetura e nomenclatura do anime. Fizemos o desenho dos
personagens em estilo mangá, soltávamos frases de efeito do gênero, etc. Sem
mudar uma mecânica sequer! A mesma edição, ainda trazia uma adaptação livre do
Bárbaro e do Xamã para Ad&d, que era uma ótima pedida, tendo em vista que o
Complete Barbarian’s Handbook era uma realidade distante naquele momento.
Especial Número 7
Com licença da Capcom do Brasil, a DB lança em outubro
de 1998 a revista especial contendo um RPG completo de Street Fighter Alpha. Em
poucas páginas, trazia regras para criar seu lutador, como jogar, regras
completas de vantagens, desvantagens e perícias, dicas para o Mestre e até uma
aventura introdutória. Como nos divertíamos criando novos lutares de diversas
nacionalidades e compilava com desenhos em um caderno. Como mencionei nesse post, 3D&T sempre estará no topo das minhas indicações para iniciantes.
Bom, essa é minha lista pessoal. Tenho certeza que
cada um dos leitores tem as edições que mais os marcaram. Talvez a edição tenha
lhe feito companhia numa viagem, ou te apresentou ao hobby, ou permitiu que
fizesse novas amizades. Seja qual for o motivo, nada muda o fato que a Dragão
Brasil foi um marco no RPG nacional. Que bom que ela está de volta.
Abraço a todos e bons jogos!