A versão Boxed Set da 2a edição. |
Paranoia é um RPG de ficção
cientifica distópico com alto teor de humor da West End Games. Projeto liderado
por Greg Costikyan, mesmo game designer
de Toon, Star Wars D6 da WEG e do obscuro boardgame
Willow, na terra da magia (falarei dele em outro momento). A saber, os anos de publicação das edições e suas respectivas editoras:
Publication date
|
1984 (1st edition)
1987 (2nd edition) 1995 (Fifth edition) 2004 (Paranoia XP) 2009 (25th Anniversary edition) 2017 (Mongoose Kickstarter edition) |
Eu nunca tive a versão da
Devir, joguei nos anos 90 com um amigo meu que tinha o livro. Mas foram
momentos bem divertidos. Lembro até hoje das conspirações, dos setores (cada
uma com regras mais bizarras que outras), da personalidade do Computador (a IA
ditatorial que governa o cenário) e das missões mais mirabolantes possíveis
para agradar os superiores.
Entretanto, recentemente consegui
colocar as mãos numa versão rara da 2a edição de Paranoia. A mesmíssima
edição lançada aqui no Brasil pela Devir nos anos 90, porém o fato que a torna
tão especial é a sua formatação em um Boxed Set. Esse conjunto continha tudo o
que os jogadores precisavam para iniciar o jogo: o livro básico, livreto com
resumos e tabelas (o que seria mais útil e organizado se fosse em formato de Screen para o Mestre) e um dado de 20
lados.
Sorrir é a receita para uma vida longa. |
Quem não ama tabelas? |
E quanto a ambientação? O
cenário de Paranoia é o Complexo Alfa, algo bem próximo de um vault da série Fallout. Os jogadores interpretam os Troubleshooters, agentes do Computador que caçam mutantes e membros
de sociedades secretas que almejam “destronar” a máquina. Acontece que os próprios
jogadores iniciam o jogo rolando uma tabela aleatória para definir qual o seu
poder mutante e a sociedade secreta ao qual ele pertence! Ou seja, os PCs devem
trabalhar juntos para cumprir a missão, agradar o Computador, e por fim,
ofuscar as suas próprias conspirações com as conspirações dos outros! Além
disso, há setores e informações segregadas por aspectos de cor, ou seja, um
agente de nível amarelo, só pode acessar informações e perambular por setores do mesmo nível ou menor. Mas o
humor de Paranoia vai além da premissa (que já é incrível), mas devido ao melhor
tipo de comédia (na minha opinião): a situacional. Por exemplo: os personagens
nasceram e foram criados sem nunca terem saído do Complexo Alfa. Alienados pelo
Computador e seus Superiores, ao apontarem para uma árvore, vão simplesmente
dizer “perto daquela coisa verde e alta”. Para conseguir algum item, terão que
preencher formulários complexos e atravessar uma burocracia irritante, próxima a
dos nossos órgãos públicos. Um simples esquilo, encontrado fora do “mundo
conhecido” pode ser interpretado como um agente comunista, ou qualquer outro
absurdo.
As regras são simples e
funcionais: usa-se o D20 para resolver tudo e criar personagens. Depois de
definidos os atributos, distribua 30 pontos de perícia pela lista, ajuste as que
possuem bônus devido à Sociedade pertencente. Quando for realizar um teste,
basta tirar um valor igual ou menor no D20 (que pode sofrer ajustes
situacionais). No final de cada missão, você recebe 4 pontos para distribuir
entre elas. O Mestre pode restringir o aumento para apenas as perícias que
foram utilizadas na missão, mas isso é opcional. Conforme as missões são completadas, seus personagens passam de nível de acesso. Ou seja, acessarão informações e setores até então negados. Bem elegante, na minha opinião.
O combate é simples também. As armas possuem um código de dano. Se acertar,
basta jogar na tabela referente ao código de dano e verificar o tamanho do
estrago (números altos, podem pulverizar o alvo com um único tiro!). Mas não esquente!
Você ainda tem 5 clones que vão substituí-lo ASAP (as soon as possible), bastando o Computador ser notificado. O clone é uma cópia perfeita do seu personagem antes de ser desintegrado (incluindo equipamentos). Basta riscar o numeral 1 que vem depois do seu nome e colocar 2.
Fortemente recomendado para usufruir 100% de Paranóia. |
O aspecto socioeconômico é uma
amálgama do estabelecido na Trilogia das Distopias, ou seja, 1984 do Orwell, Fahrenheit
do Bradbury e Admirável Mundo Novo do Huxley. Vide foto ao lado. Na época,
ainda criança, não consegui pescar todos os elementos referenciados, mas hoje
depois de ler e reler as obras, acredito que poderei aproveitar 100% do que
Paranoia tem e pode oferecer. Esse é um jogo que será ressuscitado em breve
para o meu grupo de jogo.
É interessante notar que mesmo
que Paranoia não seja considerado mainstream,
sempre manteve seu grupo seleto e fiel de fãs, sempre recebendo atualizações (como
o elogiado Paranoia XP) acompanhado de boas criticas e até mesmo o Origins Awards
em 1984 com a primeira edição e entrando no hall da fama do mesmo prêmio em
2007. Atualmente está fazendo sucesso com a versão Ultravioleta que por ironia
do destino, também vem como Boxed Set, incluindo dados, cartas e um novo
sistema de regras inteiramente reformulado. Calma,
cidadão, você pareceu nervoso quando mencionei que mudaram as regras...você não
confia no Computador?
Abraço a todos!
Ótimo texto e ótimas recomendações de leitura.
ResponderExcluirParanóia é um sistema que sempre tive curiosidade de jogar. Comprei o livro básico num sebo no Centro do RJ ano passado e me diverti bem lendo. Infelizmente era apenas o livro mesmo, sem as outras coisas da caixa... =/
Opa, que bom que curtiu. Vou montar uma one-shot em breve e te aviso. Leve seu livro pra agilizar a criação de personagens. Abração!
Excluir