O cenário oficial do jogo, é Glorantha, mas o
livro contém apenas duas páginas sobre o mundo criado por Greg Stafford (o
criador de Pendragon), nessas duas páginas há um mapa do continente e uma timeline dos principais eventos
históricos. O cenário era detalhado em suplementos específicos. O conselho
aqui, é considerá-lo uma engine para
você jogar no cenário de campanha de sua preferência.
Mas e quanto o sistema? Runequest é o cerne
do que viria a ser estabelecido como Basic Role Playing (BRP) da Chaosium. É um
sistema exclusivo da editora que dependendo do jogo e da proposta, sofre alguns
ajustes. Nota-se de cara, que o livro tem uma escrita objetiva, e inspiradora. Um
jogo onde nos remete mais Mesopotâmia do que a Europa Medieval propriamente
dita. Durante a criação de personagem, define-se também a qual classe social
ele pertence também, podendo cair na tabela, um plebeu, um citadino, um
bárbaro, um pequeno nobre, um nobre rico, ou num resultado 100 no D100, um
nobre muito rico. Ou seja, é possível (apesar da ínfima chance, iniciar o jogo
como um rei).
Para os atributos, joga-se 3D6 para cada um
deles, na ordem: Força, Constituição, Tamanho, Inteligência, Poder, Destreza e
Carisma (ou adote outro método apresentado no Apêndice). Interessante notar
aqui é que como Runequest não opera com definição de classes de personagem
(mago, guerreiro, clérigo, ladrão, etc), você pode muito bem jogar com um exímio
espadachim que usa magia, pois tem Poder e Inteligência alta, por exemplo. Pode
ter um mago que conheça feitiços de telepatia e cura. Perfeito para ambientações
dark fantasy e não-maniqueístas. Nesse ponto, é impossível não pensar em Elric de Melniboné. Não é à toa, que o RPG oficial do Lobo Branco usava uma variação do
Basic Role Playing (BRP) também. Além disso, o jogo é letal. Quando acertado,
você lança 1d20 para ver ONDE foi acertado. Basicamente, cada parte do seu
corpo possui pontos de vida. Logo, seu personagem pode ficar manco, aleijado
para sempre, perder um olho, perder uma mão, ou ser decapitado. Diversão
garantida!
E o nome Runequest? O jogo trabalha uma mecânica
de Runas Sagradas que exercem poder em vários aspectos do Cosmos. Há uma runa
para o Caos, para as Plantas, Animais, Dragões, runas para cada um dos
elementos, entre outras. O jogo encoraja o Juiz (como o Mestre é chamado no
jogo), a colocar no caminho dos personagens, algumas dessas runas para que eles
possam ir se aprimorando nesse caminho até se tornar um RuneLords, essa jornada
se inicia, se juntando a um Culto daquela runa específica. Para os amantes de
Skyrim, são os Greybeards para os Dragonborns. Na verdade. Runequest seria uma
ótima pedida para jogar Elder’s Scrolls, incluindo um sistema de aprisionar espíritos
em cristais!
Você é um veterano das Guerras Sartaritas? E se eu te acertar na cabeça? |
O livro possui 144
páginas e você só precisa dele pra jogar. Há ainda uma seção para monstros, lista de magias, tabela de encontros
aleatórios, uma incrível tabela de poderes aleatórios para criaturas do Caos,
itens mágicos e um Apêndice que funciona como caixa de ferramenta.
Felizmente o jogo voltou ao catalogo, depois do sucesso no Kickstarter na gringa (é possível comprá-lo pela Amazon).
Só de folhear o livro, percebe-se rapidamente porque ele atingiu o status de cult
e estabeleceu um fandom tão forte e fiel. Mesmo um jogo datado, ainda é uma ótima
pedida para uma campanha séria old school e um livro essencial para colecionadores.
Grande abraço e bons jogos.
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