Usar ou não miniaturas em seu RPG, obviamente,
é algo extremamente pessoal. É uma equação formada por gosto pessoal, o jogo selecionado,
se os seus jogadores gostam desse recurso, se há miniaturas disponíveis, e até mesmo
se há espaço na mesa para usá-las. Afinal, já vi grupos jogando em espaços
mínimos. Além disso, alguns jogos, possuem mecânicas pouco ou bastante
atreladas a elas, em outros, o uso das minis, pode até mesmo se tornar um obstáculo
e seu uso pode se tornar algo forçado. Citando dois jogos com o sistema
compatível, já joguei em uma mesa de um mesmo narrador que usava miniaturas em
Lobisomem: o Apocalipse e Vampiro: A Máscara. Enquanto no primeiro o uso foi
muito bem-vindo, no segundo caso, totalmente dispensável. Isso, obviamente,
pelo foco combativo dos personagens Garou.
Com o advento do movimento OSR, muitos viram a
oportunidade perfeita para se desvencilhar completamente das miniaturas. E de
fato, muitos jogos são até repetitivos ao tentar deixar claro, o qual optativo
é o uso desse recurso visual na mesa de jogo. Gosto muito dessa proposta, mas
gosto ainda mais de miniaturas! Logo, quando embarco nessa textura old school (usando o termo pautado pelo Rafael Balbi), sempre busco um “meio termo”. Quero usar as minis, não para verificar se houve (ou não) ataque de
oportunidade, nao quero ficar calculando o custo exato de um movimento sobre
terreno acidentado ou movimento diagonal. Nada errado com quem gosta desses
detalhes altamente táticos, entretanto, meus jogadores gostam
de uma tática mais dosada e simplificada. Verifico se elas são ágeis e leves o
suficiente, para ensinar para uma mesa de desconhecidos que nunca jogou RPG na
vida. Por isso, listei os 5 motivos pelos quais ainda utilizo miniaturas em meus
jogos OSR. Tanto nos meus jogos caseiros, quanto nos eventos.
1 – Ordem de marcha
É sempre legal deixar claro que existem perigos para quem vai na frente, no meio ou atrás. |
Seja numa masmorra, atravessando um pântano ou
andando por becos escuros da cidade, meus jogadores sempre devem definir quem
está na frente, na retaguarda ou mesmo quem está isolado do resto. Um batedor,
se destaca do grupo e sempre está bem avançado em relação aos outros. Um mago
que acompanha o grupo lá atrás e que está tentando decifrar o pergaminho recém
adquirido, pode ficar bastante vulnerável. Claro que é possível fazer esse
controle sem as miniaturas, mas uma vez elas distribuídas na mesa, não há
espaço para debate ou achismos táticos (“juro que achava que eu estava longe do
orc, mas tudo bem...”). Resolve exatamente esse tipo de problema.
2 – Linha de tiro
Maldita pilastra! |
“Eu puxo uma flecha da aljava e atiro” – diz o
animado jogador. O Mestre tenta explicar que o guerreiro e o clérigos na rodada
passada, se posicionaram o mais rápido possível para atacar o orc. Logo,
assume-se que eles estão obstruindo a linha de visão de qualquer atacante a
distância (pelo menos desse ângulo). As miniaturas nesse debate geram uma
reflexão tática bem interessante. Onde iniciar e terminar o movimento faz o
grupo pensar e os arqueiros buscarem as posições possíveis e até mais
vantajosas para seus ataques.
3 – Alcance de efeitos
Outra “mão na roda” das miniaturas, é definir
rapidamente, o alcance de um efeito mágico ou uma explosão de um barril de
óleo, por exemplo. Para facilitar ainda mais sua vida, assuma que cada quadrado
(ou hexágono), tem 2 metros, ao invés do tradicional 1,5m. Vai agilizar bastante sua
matemática.
4 – Posicionamento geral
"Enquanto eles enfrentam o orc, eu vou revistar o baú...hihihi" - disse o ladino. |
Uma vez o combate estabelecido, é bastante útil
saber por exemplo, se estou próximo do clérigo, longe das magias de área do mago ou próximo da
porta se o TPK for avistado do horizonte. Além disso, agiliza meus combates,
pois evita os jogadores indagarem (ou até mesmo contestarem), a posição de
terceiros, ou deles próprios.
5 – Impacto visual
Nosso hobby pode ter um apelo visual incrível! |
Essa nunca falha! Sempre que fico hospedado em
um hotel nas festividades de final de ano, levo um kit personalizado. Seleciono
um jogo simples (Seja o starter set da 5ª edição, o Old Dragon ou mesmo o First
Quest), separo tiles, grids, canetas riscáveis, flanela (para apagar os
rabiscos) e claro: várias miniaturas. O RPG totalmente montado na mesa é
extremamente chamativo. Quantas vezes, vi adolescestes, crianças e até outros
adultos largarem o que estão fazendo (celulares, tablets e até largarem um
Kinect às moscas), para ver que tal jogo era aquele. Hoje em dia, o RPG está
bem famoso, muitos deles já ouviram falar, já assistiram a algum streaming, mas
nunca de fato jogaram. As miniaturas representam um dos recursos mais lúdicos
para aprimorar essa primeira experiência.
Claro que trabalhar unicamente com o “teatro da
mente” também tem suas vantagens. Mas isso ficará para outro post. Um adendo:
atualmente estou evitando colocar a miniatura dos monstros (principalmente no
Dungeon Crawl Classics que visa o encontro com criaturas únicas e estranhas). Nesse
caso, o que eu faço é simplesmente colocar uma representação abstrata do
posicionamento da criatura. O resto do visual deve ser trabalhado puramente na
imaginação em cima das minhas descrições do monstro. Tem funcionado muito bem.
Por fim, essas foram apenas algumas medidas
para usar miniaturas nesse meio termo que citei. Sem regras muito complexas no
combate estratégico que pode desaceleram em demasia sua sessão ou parar a cada
3 minutos para caçar regras especificas.
Abraço a todos e bons jogos!
Olá. Confesso que quando comecei a mestrar a muitos anos atrás, eu não gostava de usar miniaturas nas aventuras. Mas ao longo dos anos, e a pedidos de alguns jogadores, comecei a adotar o uso nos combates.
ResponderExcluirExatamente o processo que passei. Abraço e obrigado por comentar.
ExcluirOutra aqui. Como minha "educação" foi em gurps (e, ok, joguei pouco nessa vida), sempre achei que "rpg não precisa de miniaturas", exceto em situações pontuais.
ResponderExcluir...apesar que amava jogar Battletech :P
Joguei muito GURPS, mas achei curioso você citar esse sistema. GURPS na verdade, tem muitas regras opcionais e dentro do "combate avançado" (como eles chamam) que é voltado puramente para as miniaturas e combate tático pesado (o Livro Básico vinha até com um mini-grid hexagonal, lembra?). Mas realmente se tratavam de regras opcionais. E por falar em Battletech, estou devendo uma Sessão Nostalgia com esse jogo ao qual tenho muito carinho também. Abraço!
Excluirsim, eram opcionalíssimas. E por isso sempre achava curioso as propagandas da TSR nos anos 90 que volta e meia tinham miniaturas...
Excluir(e lembrei agora de Dragon Quest, talvez deva tirar o jogo do acervo e apresentar à sobrinhada...^^)
Sim! De fato. E caso não saiba, fiz uma resenha do Dragon quest aqui: http://tomosdesabedoria.blogspot.com/2016/06/nostalgia-dragon-quest.html
ExcluirAbraço!