domingo, 1 de julho de 2018

Buscando um meio termo com miniaturas


Usar ou não miniaturas em seu RPG, obviamente, é algo extremamente pessoal. É uma equação formada por gosto pessoal, o jogo selecionado, se os seus jogadores gostam desse recurso, se há miniaturas disponíveis, e até mesmo se há espaço na mesa para usá-las. Afinal, já vi grupos jogando em espaços mínimos. Além disso, alguns jogos, possuem mecânicas pouco ou bastante atreladas a elas, em outros, o uso das minis, pode até mesmo se tornar um obstáculo e seu uso pode se tornar algo forçado. Citando dois jogos com o sistema compatível, já joguei em uma mesa de um mesmo narrador que usava miniaturas em Lobisomem: o Apocalipse e Vampiro: A Máscara. Enquanto no primeiro o uso foi muito bem-vindo, no segundo caso, totalmente dispensável. Isso, obviamente, pelo foco combativo dos personagens Garou.

Com o advento do movimento OSR, muitos viram a oportunidade perfeita para se desvencilhar completamente das miniaturas. E de fato, muitos jogos são até repetitivos ao tentar deixar claro, o qual optativo é o uso desse recurso visual na mesa de jogo. Gosto muito dessa proposta, mas gosto ainda mais de miniaturas! Logo, quando embarco nessa textura old school (usando o termo pautado pelo Rafael Balbi), sempre busco um “meio termo”. Quero usar as minis, não para verificar se houve (ou não) ataque de oportunidade, nao quero ficar calculando o custo exato de um movimento sobre terreno acidentado ou movimento diagonal. Nada errado com quem gosta desses detalhes altamente táticos, entretanto, meus jogadores gostam de uma tática mais dosada e simplificada. Verifico se elas são ágeis e leves o suficiente, para ensinar para uma mesa de desconhecidos que nunca jogou RPG na vida. Por isso, listei os 5 motivos pelos quais ainda utilizo miniaturas em meus jogos OSR. Tanto nos meus jogos caseiros, quanto nos eventos.

1 – Ordem de marcha

É sempre legal deixar claro que existem perigos para quem vai na frente, no meio ou atrás.
Seja numa masmorra, atravessando um pântano ou andando por becos escuros da cidade, meus jogadores sempre devem definir quem está na frente, na retaguarda ou mesmo quem está isolado do resto. Um batedor, se destaca do grupo e sempre está bem avançado em relação aos outros. Um mago que acompanha o grupo lá atrás e que está tentando decifrar o pergaminho recém adquirido, pode ficar bastante vulnerável. Claro que é possível fazer esse controle sem as miniaturas, mas uma vez elas distribuídas na mesa, não há espaço para debate ou achismos táticos (“juro que achava que eu estava longe do orc, mas tudo bem...”). Resolve exatamente esse tipo de problema.  

2 – Linha de tiro

Maldita pilastra!
“Eu puxo uma flecha da aljava e atiro” – diz o animado jogador. O Mestre tenta explicar que o guerreiro e o clérigos na rodada passada, se posicionaram o mais rápido possível para atacar o orc. Logo, assume-se que eles estão obstruindo a linha de visão de qualquer atacante a distância (pelo menos desse ângulo). As miniaturas nesse debate geram uma reflexão tática bem interessante. Onde iniciar e terminar o movimento faz o grupo pensar e os arqueiros buscarem as posições possíveis e até mais vantajosas para seus ataques.  

3 – Alcance de efeitos
 
Dardos Místicos ou Míssies mágicos?
Outra “mão na roda” das miniaturas, é definir rapidamente, o alcance de um efeito mágico ou uma explosão de um barril de óleo, por exemplo. Para facilitar ainda mais sua vida, assuma que cada quadrado (ou hexágono), tem 2 metros, ao invés do tradicional 1,5m. Vai agilizar bastante sua matemática.

4 – Posicionamento geral

"Enquanto eles enfrentam o orc, eu vou revistar o baú...hihihi" - disse o ladino.
Uma vez o combate estabelecido, é bastante útil saber por exemplo, se estou próximo do clérigo, longe das magias de área do mago ou próximo da porta se o TPK for avistado do horizonte. Além disso, agiliza meus combates, pois evita os jogadores indagarem (ou até mesmo contestarem), a posição de terceiros, ou deles próprios.

5 – Impacto visual

Nosso hobby pode ter um apelo visual incrível!
Essa nunca falha! Sempre que fico hospedado em um hotel nas festividades de final de ano, levo um kit personalizado. Seleciono um jogo simples (Seja o starter set da 5ª edição, o Old Dragon ou mesmo o First Quest), separo tiles, grids, canetas riscáveis, flanela (para apagar os rabiscos) e claro: várias miniaturas. O RPG totalmente montado na mesa é extremamente chamativo. Quantas vezes, vi adolescestes, crianças e até outros adultos largarem o que estão fazendo (celulares, tablets e até largarem um Kinect às moscas), para ver que tal jogo era aquele. Hoje em dia, o RPG está bem famoso, muitos deles já ouviram falar, já assistiram a algum streaming, mas nunca de fato jogaram. As miniaturas representam um dos recursos mais lúdicos para aprimorar essa primeira experiência.  

Claro que trabalhar unicamente com o “teatro da mente” também tem suas vantagens. Mas isso ficará para outro post. Um adendo: atualmente estou evitando colocar a miniatura dos monstros (principalmente no Dungeon Crawl Classics que visa o encontro com criaturas únicas e estranhas). Nesse caso, o que eu faço é simplesmente colocar uma representação abstrata do posicionamento da criatura. O resto do visual deve ser trabalhado puramente na imaginação em cima das minhas descrições do monstro. Tem funcionado muito bem.

Por fim, essas foram apenas algumas medidas para usar miniaturas nesse meio termo que citei. Sem regras muito complexas no combate estratégico que pode desaceleram em demasia sua sessão ou parar a cada 3 minutos para caçar regras especificas.

Abraço a todos e bons jogos!

6 comentários:

  1. Olá. Confesso que quando comecei a mestrar a muitos anos atrás, eu não gostava de usar miniaturas nas aventuras. Mas ao longo dos anos, e a pedidos de alguns jogadores, comecei a adotar o uso nos combates.

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    1. Exatamente o processo que passei. Abraço e obrigado por comentar.

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  2. Outra aqui. Como minha "educação" foi em gurps (e, ok, joguei pouco nessa vida), sempre achei que "rpg não precisa de miniaturas", exceto em situações pontuais.

    ...apesar que amava jogar Battletech :P

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    1. Joguei muito GURPS, mas achei curioso você citar esse sistema. GURPS na verdade, tem muitas regras opcionais e dentro do "combate avançado" (como eles chamam) que é voltado puramente para as miniaturas e combate tático pesado (o Livro Básico vinha até com um mini-grid hexagonal, lembra?). Mas realmente se tratavam de regras opcionais. E por falar em Battletech, estou devendo uma Sessão Nostalgia com esse jogo ao qual tenho muito carinho também. Abraço!

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    2. sim, eram opcionalíssimas. E por isso sempre achava curioso as propagandas da TSR nos anos 90 que volta e meia tinham miniaturas...

      (e lembrei agora de Dragon Quest, talvez deva tirar o jogo do acervo e apresentar à sobrinhada...^^)

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    3. Sim! De fato. E caso não saiba, fiz uma resenha do Dragon quest aqui: http://tomosdesabedoria.blogspot.com/2016/06/nostalgia-dragon-quest.html

      Abraço!

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