Esse livro é guerreiro! |
O primeiro deles foi por puro preconceito:
ser um RPG nacional. No meu post sobre
Tagmar eu falei que fazia comparações
injustas com o Ad&d na época. Com o Millenia, eu fazia analogias (também injustas)
com o Cyberpunk 2020. A saber, eu tinha 11 anos de idade! Millenia nem tinha a
intenção de debater o gênero cyberpunk
e sim, o Space Opera. Meu segundo
obstáculo foi com a arte do livro que vão de fracas a muito boas. Até hoje
gosto muito das ilustrações dos equipamentos e armas e das artes de abertura
dos capítulos. A terceira barreira era um mal de seu tempo: inúmeras tabelas. Acho
que me deixavam confuso em relação às regras. Mas verdade seja dita, anos 80 e
90, bastava abrir um RPG em uma página aleatória e encontrar no mínimo uma
tabela. Isso acontecia tanto com jogos gringos quanto nacionais. Shadowrun, por
exemplo, usava tabela até para a criação de personagens!
Tabelas! |
Felizmente, um ano depois, dei uma chance
ao Millenia e me diverti demais com meus
amigos. Aprendi a enxergar as jóias
únicas que tornam esse RPG tão especial e elevado ao status de cult. O livro nos entrega um cenário bem
sombrio, onde a Humanidade está saindo de uma nova Idade das Trevas, provocada
por um longo período de dominação Fentom (uma raça inumana que escravizou e
obliterou grande parte de nossa identidade histórica e social). A República,
que protege os principais planetas, emula a antiga República Romana liderando o
homem com promessas de um futuro de esperança e glórias. Só isso daria margem
para grandes aventuras em Millenia, mas ainda há guerras civis, Casas que
disputam poder, conflitos entre as outras raças descritas no livro (incluindo
regras para usá-las como personagens-jogadores). As forças armadas da República
se dividem em legiões e são lideradas por generais chamados de Pretores. Destaque
para as variações de seres humanos: você podia escolher ser oriundo de 3 tipos
de gravidade: baixa, normal ou alta, cada uma com ajustes de regra e
históricos. Lembro que em minhas campanhas, só permitia os jogadores jogarem
com essas variações. As raças alienígenas eram exclusivas para os NPCs.
Adoro essas ilustrações. |
No fim, Millenia é uma “caixa de areia”
que lhe permite jogar uma campanha altamente militar, ou uma de exploração e
descobertas, outras de cunho religioso com direito a cruzadas espaciais, campanhas
de espionagem e conspirações, desventuras envolvendo contrabandistas, as combinações são quase
infinitas! Meu grupo de jogo vinha até mim e perguntava: “Tem como colocar as
criaturas de Alien, o 8º passageiro em Millenia?” “Tem com colocar um planeta
cuja sociedade ainda era feudal?” “Tem como colocar uma arma tipo lightsaber?” Eu respondia sim a isso
tudo e era diversão garantida naquelas férias de verão.
Hoje fica a nostalgia do livro escrito por
Paulo Vicente e Ygor Morais, que certamente foram pioneiros no RPG quando só as
empresas grandes (Abril Jovem, Ediouro, Saraiva, Devir), tinham coragem de
investir nesse nicho aqui no Brasil. Refletindo aqui, não tenho nem ideia dos obstáculos
enfrentados pela dupla para colocar esse livro na prateleira onde eu o
encontrei no distante ano de 1995.
Até
hoje, penso em criar uma adaptação de Mass Effect para Millenia. Mas isso é
assunto para outro dia, abraço a todos e boas lembranças.
O meu RPG Millenia está guardado a sete chaves, juntamente com outros clássicos desta época.
ResponderExcluirQue maneiro! Mas você nunca jogou ele? Abraço.
Excluirlindo
ResponderExcluirValeu Arquimago! Abraço.
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