Finalmente chegamos à conclusão da aventura oficial The Beale of Boregal. E digo mais: há tempos não jogava uma sessão tão tensa assim. Os jogadores de fato estavam se importando com Seria, o destino da procissão que executou um êxodo de 2 semanas em busca de um estranho rumor: algo estava trazendo os mortos de volta a vida. Nossa sessão inicia no vilarejo Picos em Brasa, onde o mistério será solucionado e um formidável inimigo será confrontado.
Jaken acordo com um barulho alto e metálico. Não
havia percebido que adormecera à porta do Abrigo Subterrâneo. De lá sai um
jovem de cabelos claros e semblante perturbado. Ele não deixa Jaken entrar e
tenta explicar seus motivos: “os assassinatos de ontem a noite. Temos que fazer
alguma coisa...” ele sai resmungando coisas, mas felizmente, deixa a passagem aberta.
Pela manhã, o restante do grupo chega ao vilarejo
e tem a mesma visão perturbadora que Jaken teve noite passada:
casas queimadas, peças quebradas no chão e até mesmo mortos largados no chão. Entretanto,
o mais perturbador são os sobreviventes. Todos soltam frases sem sentido: “Algum
tipo de deus”, “Ele vai matar todos nós” e “Isso virou um hospício. Um maldito hospício!”
e outras coisas bacanas desse tipo.
Jaken atravessa o corredor subterrâneo até
ser impedido pelo pesado sistema de proteção: drones e canhões protegem a
última sala da galeria. O barulho de combate atrai os personagens que estavam
do lado de fora. Agora, todos estão reunidos mais uma vez. Uma vez superado o
sistema bélico, o grupo chega à ultima sala e são recebidos por um homem alto,
grisalho e introspectivo em uma cadeira de madeira. Está bastante abalado, pelo semblante. Ele vira a
cabeça e indaga: “Vieram para me ajudar ou julgar meus atos?”. Aos seus pés, 6 mortos envoltos em mortalha. Pelos mantos, tanto eles, quanto esse senhor, faziam
parte do mesmo grupo.
Ainda catatônico, ele se levanta da cadeira e
tenta explicar: “Eu tentei, mas fiz todas as perguntas erradas. Os mortos
sempre mentem, afinal. Agora é tarde demais. Boregal enganou todos nós”. Havok pede explicações mais
detalhadas. E o homem, chamado Yieran explica que ele é o magistrado e acabou
por matar todos os integrantes do Conselho nessa madrugada. Boregal, o sinistro deus que aguarda lá embaixo, é
capaz de trazer os mortos a vida, por um breve momento, o suficiente para se fazer uma única pergunta. Entretanto,
toda resposta é falsa. Já era tarde demais quando Yieran percebeu a agenda
nefasta do deus-máquina. Ele solta a faca ensanguentada e o grupo percebe que
seus objetivos são claros: destruir Boregal e levar o magistrado a justiça.
Yieran aponta para uma escadaria metálica: “Boregal os aguarda. Ele vai matar vocês. Hão de enfrentar algo próximo a um deus confuso e cruel.”
Antes de descer, porém, Falken diz que tem um erudito
como aliado e diz que pode obter alguma informação na Universidade das Portas
que possa vir a ser útil contra Boregal. Havok com seu teleportador reprogramado,
acaba por enviar o metamorfo para um ponto bem distante do Nono Mundo. O grupo
se espanta com a atitude e Havok explica: “Falken em nenhum momento se mostrou
cooperativo, e sim, um perigo com sua transformação impetuosa e descontrolada. Além
disso, temo que Boregal com seus poderes mentais, jogue o feral contra nós.” (e
como GM, posso dizer que ele tentaria mesmo!) A frieza de Havok, que Funde Metal com Carne, assombra seus aliados. Eles descem.
Na grande câmara escura, o grupo avista vários
pontos de um vermelho luminoso, parecido com LEDs flutuantes. Dessa massa metálica, saem vários
tentáculos. Boregal sabe que vieram destruí-lo. Uma espécie de risada metálica vem
dos fundos da sala. Inicia-se então o derradeiro confronto e rapidamente o grupo
percebe que Boregal é um oponente formidável. Ataques mentais arranham a mente
de cada um deles. Havok se ergue depois de receber a rajada mental e se foca no
núcleo do deus-máquina: ele tem um plano.
Flashback:
dias atrás quando o grupo viajava com a procissão de aldeões, avistaram (através
de um encontro aleatório montado por mim), um orbe levitando. Apenas Havok se
aproxima, sua curiosidade é mais forte. Ao estudar aquilo, descobre se tratar
de uma anomalia perdida no Nono Mundo. Sua origem nunca será descoberta. Através de uma cena de narrativa compartilhada, decidi
deixá-lo escolher do que se tratava. Ele me respondeu secretamente: uma partícula de
anti-matéria. Dali por mais duas sessões e através de argumentos dignos de Technobabble, ele guardou
numa câmara especial dentro do seu tórax mecânico.
De volta a ação, Havok consegue se desviar dos tentáculos
aplicando 2 níveis de Esforço. Assim, se aproxima do núcleo de Boregal e ativa
seu teleportador. Sua última carga para engolir ambos. Grita para o grupo fugir dali e executa seu
sacrifício: se transformar numa bomba-viva e engatilhar a anti-matéria que
porta no seu peito. Sua última ação é se teleportar para um ponto aleatório das coordenadas já inseridas na Numenera.
NOTA: sendo aleatório, havia uma ínfima chance
de cair no mesmo ponto onde estava Falken, certo? Nesse momento, pedi para que
o jogador de Falken jogar 1D20. Apenas no resultado “1”, o local seria o
mesmo. E para o delírio da mesa, qual o número que ele tira? Exatamente... 😆
De maneira cinematográfica, Havok surge na
frente de Falken, agarrado ao núcleo de Boregal. O jogadores não acreditam nos acontecimentos.
A luz branca e intensa é a última visão de Havok, Falken e Boregal. O deus-maquina
finalmente estava destruído.
O grupo se recompõe e prontamente, surge um
dilema: o que fazer com Yieran que trouxe tanta desgraça ativando Boregal e
tentando controlá-lo? Além disso, assassinou vários inocentes no processo.
Groemie, que Controla Feras, Noeric, que Deixa um Rastro de Gelo e Pearl, que
Luta com Estilo sacam suas armas: “Sangue se paga com sangue. Esse
cretino já fez muito estrago”. Os outros acham que Yieran deve ser julgado com
respeito e devidos recursos. A discussão torna-se acalorada, até Groemie e Noeric
executarem Yieran com golpes precisos e velozes. A integridade do grupo fica por um fio.
Uma vez na superfície, eles levam as notícias e verdades para os aldeões: eles estavam sendo enganados esse tempo todo por
uma entidade tecnológica. Os mortos não poderão ser trazidos de volta e
só lhes resta reerguer as casas e tocar suas vidas. O magistrado Yieran
assassinou todo o Conselho e agora está morto. Terão que escolher um novo líder também. O grupo faz seus últimos preparativos para partir sob um silêncio nefasto. Apenas um vento forte sopra,
levantando poeira e afastando a fumaça daquele lugar marcado pela tragédia e pelo sacrifício.
Aqueles homens nunca mais foram vistos por aquelas
bandas...
FIM
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