Infelizmente, nos meus “tempos
áureos de RPG” (leia-se: anos 90), não tive a oportunidade de jogar o Marvel
Super Heroes. Quando nos aventurávamos no gênero, eu recorria ao DC HEROES
(resenhado aqui) ou mesmo o GURPS Supers (ambos funcionam com compras de habilidades por pontos, diga-se de
passagem). Entretanto, o Marvel Super Heroes me marcou mesmo assim, pois um
amigo de escola, relatava com muita emoção as sessões que jogava com o primo dele, bem mais velho que a gente. Pelos relatos, eu idealizava aquela oportunidade de
jogar um RPG oficial da Marvel. Naqueles relatos empolgados, ele descrevia que
o jogo vinha com mapas, com miniaturas, e permitia até mesmo, criar seu
personagem para lutar lado a lado com o Homem-Aranha ou mesmo integrar a equipe
dos Vingadores.
Cartões de inúmeros heróis. Atrás deles, vinham as estatísticas. |
100 miniaturas de papel! |
Só muitos anos depois, consegui
comprar a caixa básica revisada, lançada pela saudosa TSR em 1991 e pasmem:
Marvel Super Heroes RPG é incrível até hoje! Com uma vibrante caixa, o jogo
trazia um Rule Book de 64 páginas, um Campaign Book de 64 páginas (contendo a
ficha e background de 80 personagens, entre heróis e vilões), 2 mapas-poster de cenários urbanos,
7 cartelas contendo 55 heróis prontos (para serem usados como ficha de consulta
rápida para os jogadores), 5 cartelas de miniaturas destacáveis (cerca de 100
delas) e por último, 2 dados de 10 faces, os únicos usados nesse jogo, criado
pelo inventivo Jeff Grubb.
Dependendo da origem, seu personagem sofre alguns ajustes na ficha. |
Marvel Super Heroes fez grande
sucesso e até hoje possui uma comunidade engajada de fãs, que atualizam as
estatísticas dos heróis Marvel, elaboram softwares de criação de personagem,
adaptações de heróis de outras editoras, entre outras coisas. E quanto ao sistema
usado nesse RPG? Conhecido como FASERIP (um acrônimo dos atributos: Fighting, Agility, Strength, Endurance, Reason, Intuition and Psyche),
o sistema trabalha com níveis descritores. Temos em ordem crescente: Feeble,
Poor, Typical, Good, Excellent, Remarkable, Incredible, Amazing, Monstrous e
Unearthly. Na
criação de personagem, joga-se 1d100 (combinando os 2 dados de 10 faces como
dezena e unidade) e obtém-se os valores e os descritores de cada um desses
atributos primários. Se você possui uma Strength em nível Good, vai fazer seu
teste na Tabela Universal nessa coluna e verificar o resultado. Que pode ser
branco (sempre uma falha), verde (sucesso para uma tarefa normal), amarelo
(para uma tarefa complexa) e vermelho (para tarefas quase impossíveis). Quem
jogou Tagmar, não terá problema algum com essa tabela.
Para definir sua Saúde, o jogador
soma os 4 primeiros atributos principais. Para definir Karma, soma-se os 3
últimos. Karma funciona como duas coisas: esforço heroico e pontos de
experiência. Antes de realizar um FEAT (como os testes são chamados), o jogador
anuncia que irá gastar Karma. Ele lança os dados e o Juiz (como o Mestre é
denominado aqui) verifica onde ele ficou na tabela. O quanto faltar para ele
alcançar a próxima COR, será a quantidade de Karma que ele irá “queimar”. Além
disso, o jogador pode simplesmente acumular esses pontos para aprimorar um
atributo primário ou secundário. Cada um com custos diferenciados. Obviamente,
o livro indica que esse aprimoramento deve ser justificado dentro da história.
Por exemplo, se o seu personagem deseja aumentar sua habilidade Fighting,
provavelmente ele encontrou um mestre de artes marciais. Ou quem sabe, aprendeu
um novo e secreto estilo de luta? Pode ser até mesmo que ele obteve novas
armas. Você decide como.
A Tabela Universal facilita a vida do Juiz! |
Além de Saúde e Karma, temos mais dois atributos voláteis:
Recursos e Popularidade (mutantes iniciam o jogo com 0, pelo preconceito
trabalhado nas HQs). Recursos é testado quando o jogador pretende comprar
alguma coisa. Dependendo do bem desejado, o Juiz ajusta o teste na Tabela Universal. Desde ingressos para o teatro, passando pelo aluguel do mês, até um helicóptero. Uma medida charmosa e prática como alternativa de ficar
calculando quantos dólares o seu personagem possui. Popularidade, por sua vez, é testado sempre que o personagem necessitar de auxilio do povo: um carro
emprestado, uma testemunha manter algum segredo, algum policial entregar alguma informação exclusiva, etc. Inúmeros fatores na
sessão de jogo, irão influenciar esses atributos voláteis, negativo ou positivamente.
Apesar de todas as qualidades
mencionadas, muita gente aponta um grande “defeito” do jogo: que é a criação de
personagem, digamos, 90% aleatória. Na verdade, eu gosto disso: nada de builds, nada de combos. O designer do
jogo partiu do princípio que a gênese de todos aqueles super-heróis foram
acidentais em sua totalidade (ou nasceram assim no caso dos mutantes) e essa
criação de personagem tenta emular justamente isso. Para o gênero e para o tom “quatro
cores” que desejo na mesa, não é nem de longe um problema. Isso faz do Marvel
Super Heroes, um incrível e genuíno RPG old
school!
OBS: meu Basic Set ainda veio de
brinde, o suplemento “1992 Character Updates”. Em suas 128 páginas, trazia
folhas já furadas para encaixar em seu fichário e criar um verdadeiro “banco de
dados” tanto de heróis quanto de vilões. A TSR lançou vários suplementos nessa
linha, trazendo atualizações de eventos e poderes de inúmeros personagens e
grupos. Além dessa linha, ainda publicou aventuras prontas, caixas específicas de determinados grupos, livros-jogos e até miniaturas de chumbo. Falando em miniaturas, o jogo funciona muito bem usando as peças de Heroclix.
Várias informações sobre a SHIELD, a HYDRA e inúmeros outros personagens! |
Abraço a todos e bons jogos.
Bom dia!!
ResponderExcluirE possível encontrar esses livros ainda?
Bom dia, George. Essas caixas antigas são consideradas raras hoje em dia. Mas o sistema FASERIP aberto pode ser encontrado gratuitamente nesse link: http://www.drivethrurpg.com/product/177913/Faserip
ExcluirVale a pena conferir esse material, mesmo que não tenha a propriedade Marvel atrelada. Abraço!
Legal. Marvel Super Heroes é um dos poucos jogos antigos que eu vejo ainda arrancarem elogios pelas regras. Pessoalmente eu adoro criação de personagens através de geração aleatória, elas atiçam a criatividade através do improviso.
ResponderExcluirTambém curto criação de personagem aleatória. O bacana é pegar justamente esses fatores randômicos de origem, poderes e talentos e tecer de maneira verossímil para criar seu super. O Marvel faz isso de maneira incrível e o melhor: em cerca de 15 minutos por personagem. Abraço!
ExcluirEstou muito animado porque o pessoal aqui de casa vai comprar o rpg pra a gente fazer jogatinas incríveis
ResponderExcluirEsse sistema vale muito a pena.
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