Esse cenário começou a mudar ainda em 1991, quando um grupo de amigos do Rio de Janeiro criou Tagmar, o primeiro RPG nacional.
A caixa da primeira edição de Tagmar! |
"O Tagmar nasce da ideia minha e do Ygor. A gente jogava muito RPG e olhando como um engenheiro eu vi que a mecânica não era nada demais. Aí eu disse: se a gente lançar um RPG, a gente tá sozinho no mercado. Na época ainda tinha muita reserva de mercado, não chegava RPG no Brasil." (Marcelo Rodrigues em entrevista para o canal Dungeon 90 - Link)
Com essa decisão tomada, Marcelo e Ygor começaram a desenvolver o jogo, mas logo descobriram que fazer a parte mecânica do sistema era a coisa mais simples. Os maiores desafios estariam em fazer o restante do livro acontecer.
"Se você olhar a primeira caixa, você não vai ver só o logo da GSA, vai achar o nome de outra editora: Art Bureau. Era a editora da mãe de um amigo nosso. A gente não tinha uma empresa, então a gente lançou com o nome dela. Só depois que esgotou a primeira edição que a gente abriu a empresa mesmo." (Marcelo Rodrigues em entrevista para o canal Dungeon 90 - Link)
Além dessa "dificuldade editorial", também ocorreram alguns problemas gráficos com as primeiras versões dos livros.
"A gente percebeu que a capa da primeira tiragem sujava e ficava feia. Então, quando fomos imprimir a segunda nós pedimos para plastificar. E essa era a famosa edição 'auto-destrutiva'. Ela não era grampeada. Ela foi impressa numa impressora A4 e o que segurava as folhas é só uma cola. Na segunda edição que nós botamos dois grampos." (Marcelo Rodrigues em entrevista para o canal Dungeon 90 - Link)
A segunda edição do jogo |
"Ygor e eu demoramos dois anos pra fazer todas as tabelas e regras. Aí descobrimos que o mais difícil não é criar as regras. Difícil é escrever o texto. Quando chegou no capítulo de magias a gente chamou o Júlio e veio mais uma pessoa, o Sérgio. E aí entrou o Leonardo, que escreveu a parte de ambientação e revisava tudo." (Marcelo Rodrigues em entrevista para o canal Dunegon 90 - Link)
Com mais de dez mil cópias vendidas, Tagmar foi um grande sucesso, mas infelizmente foi descontinuado quando a GSA fechou as portas em 1997. Mas, em 2004, o jogo e o cenário ressurgem com Tagmar II, um projeto inspirado na licença creative commons.
"Eu juntei os autores e pedi autorização para liberar os direitos. Aí a gente montou um projeto baseado na experiência de software livre. O material é criado de forma coletiva e vai pra uma discussão. A gente vota e aí o material é oficializado." (Marcelo Rodrigues em entrevista para o canal Dungeon 90 - Link)
Os livros do novo projeto estão disponíveis gratuitamente no site oficial do projeto. Além disso, também é possível se cadastrar para colaborar com a iniciativa.
PS: O Ranieri já fez um baita texto sobre Tagmar aqui no blog. Podem ler que vale a pena.
Gostei muito do texto. Para uma pessoa como eu nascida no século passado foi possível compreender um pouco de como é/foi a criação deste RPG.
ResponderExcluirQue bom! Fico feliz de saber que tem gente gostando.
ExcluirAbraços!
PS: Nascido no século passado eu também sou XD
O pessoal do projeto Tagmar recentemente lançou uma edição nova do jogo.
ResponderExcluirEu ainda não tive a oportunidade de dar uma lida, mas estou bem curioso. Vou correr atrás
ExcluirQueria muito ter esse primeiro (1990) box set de Tagmar, mas nunca achei para comprar na internet.
ResponderExcluirRelíquia hoje em dia. Poucos se desfazem. Abraço!
Excluirgostei muito da reportagem, parabens!
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