No início
do ano, publiquei sobre as vantagens do Mestre, operar com o auxílio de
aventuras prontas. O leitor Igor Palma, nos comentários daquele post, sugeriu
que eu fizesse outro sobre aventuras memoráveis. Falar sobre as aventuras mais
famosas do nosso hobby é tentador, de fato, mas ficará para uma outra ocasião.
Entretanto, acordei inspirado para escrever as aventuras prontas que mais ME
marcaram. Não quer dizer que são as melhores do seu gênero nem de seu tempo.
Apenas os deuses do caos colocaram-nas em meu caminho: no lugar certo, na hora
certa. Vamos conferir?
1 – As
sete safiras da hidra
Em 1995
comecei a usar a internet. “Tudo ao redor, era mato”, como dizem por aí.
Navegava apenas de madrugada, com pulsos caros e conexão lenta. Já baixava characters generators para Ad&d e
GURPS em MS-DOS, mapas, planilhas e algumas aventuras. Em 1998 um mestre
entusiasta de Ad&d, upou a aventura autoral “As sete safiras da hidra”, que
foi o combustível das minhas férias daquele ano na casa de um primo. Toda
noite, jogávamos um ato da aventura dividida em 7 capítulos. A trama se passava
em TITAN, o mundo da série Aventuras Fantásticas e envolvia o resgate de
princesas amaldiçoadas, aprisionadas em sete safiras distintas. Adorava a
estrutura episódica e bem delineada escrita por Renan Lopes. Pergunto-me se ele
ainda joga RPG. Até hoje a saga das 7 Safiras pode ser encontrada em alguns
sites (Geocities e Angelfires ainda ativos por aí). Bons tempos!
2 – A
Tumba de Demara
O
primeiro módulo da caixa First Quest. Depois da campanha descrita acima,
iniciamos com os personagens-prontos que acompanhavam a caixa original. A Tumba
de Damara foi incrível! Explorar o lindo mapa-poster com as miniaturas azuis
estão para sempre nos meus registros de RPG. Meu grupo não usou o CD que
acompanhava o jogo, pois já tínhamos segurança ao jogar/mestrar, mas sei que
para muitos a exploração dessa masmorra fora realizada com essa ferramenta. Na minha
opinião, essa aventura é ideal para apresentar o RPG a novatos. Falo por
experiência própria.
3 – A
espada de Morkh Amhor
Em 1997,
a revista Só Aventuras entrava numa nova fase (que infelizmente durou apenas 2
edições). A proposta agora era lançar um RPG por edição. O primeiro número
trouxe U.F.O Team, a seguinte, a turma de Katabrok, o bárbaro. A aventura era
bem simples: adentrar uma masmorra e recuperar um artefato para salvar o reino.
Entretanto, ela ficou imortalizada por dois motivos: foi a aventura que jogamos
no recreio escolar em doses homeopáticas: todo dia, 30 minutos. Logo, rendeu a
semana toda de escola. O outro motivo, é que anos depois, ainda uso para
apresentar o hobby para iniciantes. Já adaptei essa trama simples para Old
Dragon, para Dungeon World e até para 3D&T! Lembro que gostamos tanto da
“Turma do Katabrok”, que convertemos para Ad&d afim de contar novas
histórias com eles. As ilustrações de André Vazzios davam o clima perfeito para
o livreto. Quase todos os meninos da sala “xerocaram” a revista para jogar novamente.
4 – The
Dead of Winter
Agora
estamos na virada do milênio e a Wizards
of the Coast lança o inovador Dungeons
& Dragons 3rd edition. Nosso grupo comprou os 3 livros básicos e nossas
cabeças explodiram com aquele jogo: muitas possibilidades de criação e
personalização de personagens, novas mecânicas, magias reorganizadas, novidades
e novidades! Hoje tenho minhas ressalvas com as “soluções” encontradas na
chamada Era D20, mas isso é assunto para outro post. Enfim, acontece que o Player’s Handbook vinha com um CD-ROM,
prova cabal que a Wizards queria preparar o maior RPG do mundo para o advento
multi-midiático. A saber, esse CD vinha com um demo do gerador de personagens,
suficiente para criar seus personagens, imprimir e jogar rapidamente. Além
disso, muitos não sabem, o mesmo CD vinha com uma aventura pronta: Dead of
Winter. Esse módulo seria originalmente publicado na revista Dungeon, mas por mudanças editorais de
última hora, o material foi inserido no CD bônus, mas mantendo o layout da
revista. O Mestre leu e decorou toda a primeira parte da aventura para narrar
no dia seguinte e por essa experiência ela ficou imortalizada. Fora o ponto de
partida para minhas primeiras sessões de D&D 3ª edição e até hoje lembro
com carinho do entreposto de Cador, do castelo Dhunraven e do plot inicial. Vale a pena adaptar para
D&D 5ª edição.
5 – A Cidadela
sem sol
Ainda nessa
fase inicial da 3ª edição, a Wizards lançou uma série de aventuras prontas não
necessariamente conectadas, mas que deveriam ser jogadas em sequência, levando
o grupo do 1º ao 20º nível. A título de curiosidade a Paizo anos depois, pegou
essa ideia para criar os geniais adventure
paths. A Cidadela sem Sol apresentava um vilarejo e uma ravina onde coisas
estranhas estão acontecendo e um grupo de aventureiros previamente desapareceu.
É uma ótima aventura por trabalhar o conceito de micro-cosmo, uma grande
masmorra para ser explorada e uma ameaça bastante original. Não é à toa que foi
recentemente relançada na coletânea Tales
from the Yawning Portal. Essa aventura tem forte apelo lá fora também. Já
vi ela adaptada para Ad&d e sendo jogada como ponto de partida para uma
campanha de Pathfinder.
Essas
foram as aventuras prontas memoráveis para mim. Vocês jogaram elas? Quais foram
os módulos imortalizados na mente de vocês? Abraço a todos e bons jogos!
Infelizmente a aventura The Dead of Winter não se acha mais na internet. Se seu amigo ainda tiver esse cd-rom, ou a aventura em sí, mande um link, será um prazer apreciar esse mundo nas minhas mesas que narro.
ResponderExcluirEu tenho ela. Me passe um e-mail que te encaminho: ranierimattos@hotmail.com
ExcluirDá pra achar com os termos "The Dead of Winter Cador" (sem aspas) no Google. Assim você filtra muitos dos resultados que levam pro jogo de tabuleiro.
ExcluirO melhor resultado que encontrei foi em um site de download de documentos. Havia uma campanha caseira com o mesmo nome e até relatos de campanha usando o mundo descrito nessa aventura.
Aventuras que me marcaram:
ResponderExcluirNão vou colocar em ordem porque essas aventuras eu tenho tamanha consideração que não achei justo fazer isso.
- Resgate em Threshold: primeira aventura do livro Karameikos - Livro de Aventuras. Também vinha, assim como em First Quest, com um CD Áudio com a narração da aventura, e que usamos. Aventura sensacional.
- Trilogia do Fogo das Bruxas: Aventura no mundo dos Reinos de Ferro. Ilustrações lindas, um enredo sensacional, uma aventura mais "dark" para o sistema D20.
- A Forja da Fúria: Se não me engano é a continuação da Cidadela sem Sol. A melhor da série, na minha opinião.
- A Ilha dos Corvos: Aventura pronta para Tagmar. Também com um ótimo enredo. E pode ser encontrada de graça no site do Projeto Tagmar II.
- A ventura pronta que veio no Dragon Quest da Grow. Foi o meu primeiro contato com o RPG e mestrei muito essas aventuras. Então sempre vai ser a aventura épica para mim.
Linda lista! Sempre tive vontade de jogar a trilogia de aventuras do Reino de Ferro. Obrigado por compartilhar.
ExcluirObrigado. Olha, eu recomendo, e muito, a Trilogia do Fogo das Bruxas.
ExcluirMais um ótimo post. Cara, também sou um dos fãs da aventura das 7 Safiras da Hidra, jogada a muitos anos atrás na minha adolescência. Lembro que meus jogadores adoraram essa aventura e ela ficou na memória de todos. Recentemente fui procurá-la na internet para reler, e achei ela não tão boa, não sei se encontrei ela incompleta e tal.. pq eu gostei muito dela na época rs.. enfim...
ResponderExcluirUma pergunta sobre o post, essas aventuras q vc listou, vc mestrou elas ou jogou como jogador?
Sobre aventuras prontas, eu joguei poucas, a que mais ficou na lembrança mesmo foi a 7 Safiras. Não sei se conta, mas eu gostava de adaptar os livros-jogo para os jogos de AD&D.
Confesso que não reli recentemente a 7 Safiras, mas na época foi pioneira! Todas elas, eu mestres, nem todas joguei. Sempre tive vontade de adaptar os livros jogos para Ad&d mas infelizmente nunca fiz... Uma pena, pois é uma boa ideia. Fico feliz por ter curtido o post. Grande abraço.
ExcluirÓtimo Post!
ResponderExcluirTumba de Demara... que aventura boa pra se apresentar o rpg aos novatos. Joguei muito ela quando me inicei. Usei ela uns tempos atrás com um grupo de iniciantes, todos gostaram.
Fiquei na curiosidade das 7 safiras vou dar um procurada...
Dentre as que mais me marcaram:
A Tumba de Demara (First Quest)
A Dungeon de Zanzer (Dungeons & Dragons da grow)
E o disco de três (Dragão Brasil)
Mais uma vez, muito bom esse post.
Grande Igor, você é o responsável por esse post! Fiquei tentado em colocar o Disco dos Três nessa lista, mas nunca terminei ela. Por isso excluí. Comprei recentemente o livreto Só Aventuras da Jambô que traz ela reformulada para Tormenta RPG e pretendo jogá-la devidamente. Mais pra frente, farei uma resenha apenas dela.
ExcluirGrande abraço!
Muito bom o artigo. Gostava de usar aventuras prontas sempre que podia. As que me marcaram foram:
ResponderExcluirAs 12 buscas do Hero Quest, foi quando comecei a me interessar por fantasia medieval.
A Espada de Morkh Armhor, que foi a minha primeira aventura de RPG
Disco dos Três, foi uma das melhores aventuras que Mestrei
Ruínas de Undermontain, sempre me impressionava com aqueles mapas.
Intriga Mortal, uma aventura de espiões da antiga Dragão Brasil, apesar de não ser fantasia medieval sempre gostei de jogar ela
Que bom que gostou Ricardo. Ruínas de Undermoutain com aqueles mapas 'é de explodir a cabeça de fato. Fiz uma resenha sobre ela um tempo atrás aqui no blog. Abraço.
ExcluirConcordo com sua seleção, tem muita coisa bacana aí.
ResponderExcluirAs Sete Safiras me remeteu a essa época de mato na internet. A gente encontrava de tudo, e mesmo que a qualidade não fosse boa, era o que tinha, segue em frente. A época de visitar todo dia aquele portal de RPG, com o nome mais simples do mundo, pra ver se tinha sido atualizado. Se bobear ainda tenho impressa uma das primeiras aventuras de Vampiro que jogaram na web brasileira.
Usei a Espada de Morkh Amhor e a Tumba de Demara pra apresentar o RPG pra muita gente do meu colégio, ainda mais na época que apareceu uma galera pra jogar por causa de Tormenta e Holy Avenger.
Uma que devo ter usado em quase toda campanha ou mundo de AD&D que mestrei foi a do Templo do Observador (Dragão Brasil #10).
A Dungeon de Zanzer Tem deu o nomme do meu blog, provavelmente a primeira aventura que joguei a sério (e não achando que RPG era um jogo adversarial - tinha uma arena pra gente enfrentar os outros jogadores na minha primeira vez). Ainda quero adaptá-la para Old Dragon e depois fazer uma versão nova, no mesmo esquema de "capturados por um mago, forçados a serem escravos, vocês devem fugir".
Acho que vou fazer minha seleção também =)
Grande Bruno, obrigado pelo relato e por sua lista. O Templo do Observador também joguei na época de colégio. Bem lembrado. Faça a sua seleção no seu blog e divulgue aqui. Abraço.
ExcluirOi, Ranieri. Só pra me apresentar: Renan Lopes, autor da "famosa" As Sete Safiras da Hidra. hehehe...Muito legal ver que, totalmente sem querer, ajudei a fomentar a imaginação e a trazer tão boas lembranças a pessoas que eu nem tenho idéia quem são (ah, eu reeditei - caseiramente - a aventura original e ficou menos "nas coxas" que na época...mas segue meio inocente). Um abraço e parabéns pelo blog!
ResponderExcluirQue bacana ver seu comentário aqui Renan! Você ainda joga? Interessante você mencionar a inocência presente na aventura. Hoje em dia, com o movimento OSR, sistemas e cenários inteiros, tentam emular esse estilo de jogo de "várzea", presente na Sete Safiras da Hidra. Grande abraço e uma honra tê-lo aqui no blog.
ExcluirO prazer é todo meu, Ranieri. Eu parei de jogar por muitos anos (eu tinha 15 anos quando escrevi As 7 Safiras!) e voltei a jogar em 2013, já com 33 anos. Achei teu blog pois estou no "ápice" do meu novo envolvimento com RPG. Hoje mesmo peguei na gráfica a saga que transformei em livro - uma nova história que mestrei em 3 grandes partes em 2013, 2015 e 2017. Conversando com outros caras que também jogam RPG, terminei no seu blog. A vida dá voltas! :)
ResponderExcluirQue relato bacana! Bem-vindo de volta ao hobby e bem-vindo ao blog. Grande Abraço.
Excluir