quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

True Detective – 3a temporada (EPI 04)




O texto abaixo contém spoilers do episódio.

O quarto episódio, chamado “The Hour and the Day”, faz referência à Mateus 25:13: Não sabemos o dia e nem a hora de nossa morte. Um mistério perturbador que nos assombra diariamente. E esse episódio inicia dentro de tal contexto: os dois detetives voltando à igreja para mais uma bateria de perguntas e abrindo uma brecha para que os fieis possam compartilhar informações, caso tenham alguma. Roland cisma com o líder da congregação. Ele não confia nem um pouco no padre e deixa bem claro para seu parceiro. Ainda chama a atenção que o menino Will é a única criança com os olhos fechados nas fotografias da primeira comunhão. Apesar da pouca ajudar, eles obtêm o nome da senhora que confecciona as tais bonecas de palha: Patty Faber é seu nome. No caminho até lá, Hays conta sobre um amigo que morreu na guerra. Conta a história com um olhar perdido, mostrando o quando ele é assombrando por essas mortes (literalmente como veremos no final).  



A senhora Patty Faber traz à tona duas informações: o racismo mal velado no discurso e a aparência do homem que comprou um lote de 10 bonecas de uma única vez. Ele era negro e tinha um olho cego. “Ele era como você!” – diz ela, o que incomoda bastante o nosso protagonista. Wayne é constantemente solicitado a fazer o mesmo trabalho que seus colegas brancos. Isso não apenas aumenta seu estresse no trabalho, mas também sustenta esse cenário de tensão racial. Se Patty enxergasse além do racismo, talvez eles não teriam incomodado o Velho Sam. Assim que chegam a casa desse senhor negro, os detetives já percebem a movimentação no bairro. “Se fossem crianças negras, elas não estariam nos jornais!” – ele exclama. A dupla falha nessa abordagem, pressionando o Velho Sam e recebendo desaprovação dos outros moradores. Desse encontro Rolando sai como seu para-brisa: estilhaçado.




Já na linha temporal de 2015, vemos Wayne Hays e seu filho interagindo. Hays deixa o orgulho de lado, ao pedir ajudar ao seu filho em duas coisas: localizar algumas pessoas envolvidas no caso no passado e o principal: descobrir se o seu parceiro Roland ainda está vivo (“preciso das memórias dele” – ele explica). Seu filho não gosta da ideia de reviver aquele caso, mas decide ajudar o pai.



Na linha temporal de 1990, quando a investigação é reaberta, temos uma nova informação sobre Roland: ele está manco. Ainda não sabemos que incidente foi esse. O que pode justificar o cargo administrativo para o qual ele foi remanejado nos anos 80 e seu desfecho que sabemos ter sido infeliz e insuficiente.
 
Roland mancando até a porta
Esse episódio temos ainda duas cenas bem grande atuação e química entre Wayne Hays e sua esposa. São cenas tensas, mas complexas, demonstrando o amor, confiança e carinho que houve entre o casal, provavelmente até a morte dela. A personagem é forte: ela não quer falar do clima e de outras amenidades, quer falar sobre o caso. Sua participação na trama não é passiva em nenhum momento, atuando quase como uma terceira detetive, mesmo que seja ambígua em seus sentimentos em alguns momentos. Essa cena tensa com a mãe de Will e Julie, ilustra bem o que estou falando:



Enquanto isso, vemos Rolando montando a força tarefa nos anos 90. O quadro ao lado dele, mostram as informações pertinentes para a reabertura do caso. Percebam que Hays só foi descobrir que o tio das crianças foi encontrado (sua ossada) anos depois. Quem lhe revela isso é a cineasta que está fazendo o documentário sobre o crime. Hays, já idoso, pede que ela dê alguma informação que ele não saiba, até mesmo pra poder ajuda-la. Outras informações, ela se nega a passar, entretanto.



No presente, vemos os fantasmas de Hays surgindo ao seu redor: mostrando que sua alma está repleta de culpa. Mas essas mortes na guerra foram culpa dele? Se sim, foram causadas de forma direta ou indireta? A conversa que ele tem com o padre sobre pecado, na outra cena, é uma peça fundamental para resolver esse mistério ao meu ver. Mas ainda fica o mistério: Hays está sendo seguido e vigiado como ele diz, ou é fruto de seu transtorno pós-traumático?



Cortamos para os anos 90, quando Hays analisa várias fitas da câmera de segurança de um estabelecimento. Seus ossos congelam ao avista uma menina, provavelmente Julie, já crescida.



Na linha temporal dos anos 80, o Trash Man é perseguido pelos rednecks que ainda acreditam que o descendente de índio ainda está mexendo com as crianças da cidade. O Trash Man corre para dentro de casa, acionando inúmeras armadilhas (tanto no quintal quando dentro de casa). Armado e em prontidão, os homens ameaçam entrar. Nesse momento, nossa dupla de detetives chega ao local (depois de receber uma ligação avisando do que estava ocorrendo). É o tempo apenas deles testemunharem a caixa de metralha ser acionada.






Apesar de longo, foi um episódio fluido, repleto de informações e boas atuações. Cada cena é frutífera e estamos chegando na metade da série; logo, é hora de respostas começarem a surgir. Abraço a todos e fiquem à vontade para colocar suas teorias aqui. Nos vemos semana que vem.

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