O texto
abaixo contém spoilers do episódio.
O quarto
episódio, chamado “The Hour and the Day”, faz referência à Mateus 25:13: Não
sabemos o dia e nem a hora de nossa morte. Um mistério perturbador que nos
assombra diariamente. E esse episódio inicia dentro de tal contexto: os dois
detetives voltando à igreja para mais uma bateria de perguntas e abrindo uma
brecha para que os fieis possam compartilhar informações, caso tenham alguma. Roland cisma com o líder da congregação. Ele não confia nem um pouco no padre e deixa
bem claro para seu parceiro. Ainda chama a atenção que o menino Will é a única
criança com os olhos fechados nas fotografias da primeira comunhão. Apesar da
pouca ajudar, eles obtêm o nome da senhora que confecciona as tais bonecas de
palha: Patty Faber é seu nome. No caminho até lá, Hays conta sobre um amigo que
morreu na guerra. Conta a história com um olhar perdido, mostrando o quando ele
é assombrando por essas mortes (literalmente como veremos no final).
A senhora
Patty Faber traz à tona duas informações: o racismo mal velado no discurso e a aparência
do homem que comprou um lote de 10 bonecas de uma única vez. Ele era negro e
tinha um olho cego. “Ele era como você!” – diz ela, o que incomoda bastante o
nosso protagonista. Wayne é constantemente solicitado a fazer o mesmo trabalho
que seus colegas brancos. Isso não apenas aumenta seu estresse no trabalho, mas
também sustenta esse cenário de tensão racial. Se Patty enxergasse além do
racismo, talvez eles não teriam incomodado o Velho Sam. Assim que
chegam a casa desse senhor negro, os detetives já percebem a movimentação no
bairro. “Se fossem crianças negras, elas não estariam nos jornais!” – ele exclama.
A dupla falha nessa abordagem, pressionando o Velho Sam e recebendo desaprovação
dos outros moradores. Desse encontro Rolando sai como seu para-brisa:
estilhaçado.
Já na linha
temporal de 2015, vemos Wayne Hays e seu filho interagindo. Hays deixa o
orgulho de lado, ao pedir ajudar ao seu filho em duas coisas: localizar algumas
pessoas envolvidas no caso no passado e o principal: descobrir se o seu parceiro
Roland ainda está vivo (“preciso das memórias dele” – ele explica). Seu filho não
gosta da ideia de reviver aquele caso, mas decide ajudar o pai.
Na linha
temporal de 1990, quando a investigação é reaberta, temos uma nova informação
sobre Roland: ele está manco. Ainda não sabemos que incidente foi esse. O que pode
justificar o cargo administrativo para o qual ele foi remanejado nos anos 80 e
seu desfecho que sabemos ter sido infeliz e insuficiente.
Esse
episódio temos ainda duas cenas bem grande atuação e química entre Wayne Hays e
sua esposa. São cenas tensas, mas complexas, demonstrando o amor, confiança e carinho
que houve entre o casal, provavelmente até a morte dela. A personagem é forte:
ela não quer falar do clima e de outras amenidades, quer falar sobre o caso. Sua
participação na trama não é passiva em nenhum momento, atuando quase como uma
terceira detetive, mesmo que seja ambígua em seus sentimentos em alguns
momentos. Essa cena tensa com a mãe de Will e Julie, ilustra bem o que estou
falando:
Enquanto
isso, vemos Rolando montando a força tarefa nos anos 90. O quadro ao lado dele,
mostram as informações pertinentes para a reabertura do caso. Percebam que
Hays só foi descobrir que o tio das crianças foi encontrado (sua ossada) anos
depois. Quem lhe revela isso é a cineasta que está fazendo o documentário sobre
o crime. Hays, já idoso, pede que ela dê alguma informação que ele não saiba,
até mesmo pra poder ajuda-la. Outras informações, ela se nega a passar,
entretanto.
No presente,
vemos os fantasmas de Hays surgindo ao seu redor: mostrando que sua alma está repleta de culpa. Mas essas mortes na guerra foram culpa dele? Se sim, foram causadas de forma direta ou indireta? A
conversa que ele tem com o padre sobre pecado, na outra cena, é uma peça fundamental para
resolver esse mistério ao meu ver. Mas ainda fica o mistério: Hays está sendo
seguido e vigiado como ele diz, ou é fruto de seu transtorno pós-traumático?
Cortamos
para os anos 90, quando Hays analisa várias fitas da câmera de segurança de um
estabelecimento. Seus ossos congelam ao avista uma menina, provavelmente Julie,
já crescida.
Na linha
temporal dos anos 80, o Trash Man é perseguido pelos rednecks que ainda acreditam que o descendente de índio ainda está
mexendo com as crianças da cidade. O Trash Man corre para dentro de casa,
acionando inúmeras armadilhas (tanto no quintal quando dentro de casa). Armado e
em prontidão, os homens ameaçam entrar. Nesse momento, nossa dupla de detetives
chega ao local (depois de receber uma ligação avisando do que estava
ocorrendo). É o tempo apenas deles testemunharem a caixa de metralha ser
acionada.
Apesar de
longo, foi um episódio fluido, repleto de informações e boas atuações. Cada
cena é frutífera e estamos chegando na metade da série; logo, é hora de
respostas começarem a surgir. Abraço a todos e fiquem à vontade para colocar
suas teorias aqui. Nos vemos semana que vem.
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