quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Sessão de jogo: Numenera Parte 04





Finalmente chegamos à conclusão da aventura oficial The Beale of Boregal. E digo mais: há tempos não jogava uma sessão tão tensa assim. Os jogadores de fato estavam se importando com Seria, o destino da procissão que executou um êxodo de 2 semanas em busca de um estranho rumor: algo estava trazendo os mortos de volta a vida. Nossa sessão inicia no vilarejo Picos em Brasa, onde o mistério será solucionado e um formidável inimigo será confrontado.  

Jaken acordo com um barulho alto e metálico. Não havia percebido que adormecera à porta do Abrigo Subterrâneo. De lá sai um jovem de cabelos claros e semblante perturbado. Ele não deixa Jaken entrar e tenta explicar seus motivos: “os assassinatos de ontem a noite. Temos que fazer alguma coisa...” ele sai resmungando coisas, mas felizmente, deixa a passagem aberta.

Pela manhã, o restante do grupo chega ao vilarejo e tem a mesma visão perturbadora que Jaken teve noite passada: casas queimadas, peças quebradas no chão e até mesmo mortos largados no chão. Entretanto, o mais perturbador são os sobreviventes. Todos soltam frases sem sentido: “Algum tipo de deus”, “Ele vai matar todos nós” e “Isso virou um hospício. Um maldito hospício!” e outras coisas bacanas desse tipo.

Jaken atravessa o corredor subterrâneo até ser impedido pelo pesado sistema de proteção: drones e canhões protegem a última sala da galeria. O barulho de combate atrai os personagens que estavam do lado de fora. Agora, todos estão reunidos mais uma vez. Uma vez superado o sistema bélico, o grupo chega à ultima sala e são recebidos por um homem alto, grisalho e introspectivo em uma cadeira de madeira. Está bastante abalado, pelo semblante. Ele vira a cabeça e indaga: “Vieram para me ajudar ou julgar meus atos?”. Aos seus pés, 6 mortos envoltos em mortalha. Pelos mantos, tanto eles, quanto esse senhor, faziam parte do mesmo grupo.

Ainda catatônico, ele se levanta da cadeira e tenta explicar: “Eu tentei, mas fiz todas as perguntas erradas. Os mortos sempre mentem, afinal. Agora é tarde demais. Boregal enganou todos nós”. Havok pede explicações mais detalhadas. E o homem, chamado Yieran explica que ele é o magistrado e acabou por matar todos os integrantes do Conselho nessa madrugada. Boregal, o sinistro deus que aguarda lá embaixo, é capaz de trazer os mortos a vida, por um breve momento, o suficiente para se fazer uma única pergunta. Entretanto, toda resposta é falsa. Já era tarde demais quando Yieran percebeu a agenda nefasta do deus-máquina. Ele solta a faca ensanguentada e o grupo percebe que seus objetivos são claros: destruir Boregal e levar o magistrado a justiça. Yieran aponta para uma escadaria metálica: “Boregal os aguarda. Ele vai matar vocês. Hão de enfrentar algo próximo a um deus confuso e cruel.”

Antes de descer, porém, Falken diz que tem um erudito como aliado e diz que pode obter alguma informação na Universidade das Portas que possa vir a ser útil contra Boregal. Havok com seu teleportador reprogramado, acaba por enviar o metamorfo para um ponto bem distante do Nono Mundo. O grupo se espanta com a atitude e Havok explica: “Falken em nenhum momento se mostrou cooperativo, e sim, um perigo com sua transformação impetuosa e descontrolada. Além disso, temo que Boregal com seus poderes mentais, jogue o feral contra nós.” (e como GM, posso dizer que ele tentaria mesmo!) A frieza de Havok, que Funde Metal com Carne, assombra seus aliados. Eles descem.

Na grande câmara escura, o grupo avista vários pontos de um vermelho luminoso, parecido com LEDs flutuantes. Dessa massa metálica, saem vários tentáculos. Boregal sabe que vieram destruí-lo. Uma espécie de risada metálica vem dos fundos da sala. Inicia-se então o derradeiro confronto e rapidamente o grupo percebe que Boregal é um oponente formidável. Ataques mentais arranham a mente de cada um deles. Havok se ergue depois de receber a rajada mental e se foca no núcleo do deus-máquina: ele tem um plano.

Flashback: dias atrás quando o grupo viajava com a procissão de aldeões, avistaram (através de um encontro aleatório montado por mim), um orbe levitando. Apenas Havok se aproxima, sua curiosidade é mais forte. Ao estudar aquilo, descobre se tratar de uma anomalia perdida no Nono Mundo. Sua origem nunca será descoberta. Através de uma cena de narrativa compartilhada, decidi deixá-lo escolher do que se tratava. Ele me respondeu secretamente: uma partícula de anti-matéria. Dali por mais duas sessões e através de argumentos dignos de Technobabble, ele guardou numa câmara especial dentro do seu tórax mecânico.     

De volta a ação, Havok consegue se desviar dos tentáculos aplicando 2 níveis de Esforço. Assim, se aproxima do núcleo de Boregal e ativa seu teleportador. Sua última carga para engolir ambos. Grita para o grupo fugir dali e executa seu sacrifício: se transformar numa bomba-viva e engatilhar a anti-matéria que porta no seu peito. Sua última ação é se teleportar para um ponto aleatório das coordenadas já inseridas na Numenera. 

NOTA: sendo aleatório, havia uma ínfima chance de cair no mesmo ponto onde estava Falken, certo? Nesse momento, pedi para que o jogador de Falken jogar 1D20. Apenas no resultado “1”, o local seria o mesmo. E para o delírio da mesa, qual o número que ele tira? Exatamente... 😆

De maneira cinematográfica, Havok surge na frente de Falken, agarrado ao núcleo de Boregal. O jogadores não acreditam nos acontecimentos. A luz branca e intensa é a última visão de Havok, Falken e Boregal. O deus-maquina finalmente estava destruído.

O grupo se recompõe e prontamente, surge um dilema: o que fazer com Yieran que trouxe tanta desgraça ativando Boregal e tentando controlá-lo? Além disso, assassinou vários inocentes no processo. Groemie, que Controla Feras, Noeric, que Deixa um Rastro de Gelo e Pearl, que Luta com Estilo sacam suas armas: “Sangue se paga com sangue. Esse cretino já fez muito estrago”. Os outros acham que Yieran deve ser julgado com respeito e devidos recursos. A discussão torna-se acalorada, até Groemie e Noeric executarem Yieran com golpes precisos e velozes. A integridade do grupo fica por um fio.

Uma vez na superfície, eles levam as notícias e verdades para os aldeões: eles estavam sendo enganados esse tempo todo por uma entidade tecnológica. Os mortos não poderão ser trazidos de volta e só lhes resta reerguer as casas e tocar suas vidas. O magistrado Yieran assassinou todo o Conselho e agora está morto. Terão que escolher um novo líder também. O grupo faz seus últimos preparativos para partir sob um silêncio nefasto. Apenas um vento forte sopra, levantando poeira e afastando a fumaça daquele lugar marcado pela tragédia e pelo sacrifício.



Aqueles homens nunca mais foram vistos por aquelas bandas...

FIM

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Sessão de Jogo: Numenera Parte 03



    O grupo está cada vez mais próximo da resposta. De quem é a mente que controlou Seria e está deixando as criaturas inquietas? De quem é a voz que Darvin escutou quando fez a conexão mnemônica? Moloch e Pearl ficaram a madrugada inteira aguardando o rastreamento de Darvin, que indica no final do processo, uma aldeia ao norte, chamada Picos em Brasa. Ela também explica que os pais dos jovens estão vivos. Que depois, poderão ser levados em segurança até eles. 
    Paralelamente, o restante do grupo obtém informações com a procissão que ruma para o mesmo local, levando seus mortos. Os boatos que chegaram até eles é que os mortos estão voltando a vida. Jaken conecta as informações e percebe que sua investigação terminará nessa aldeia. O que de fato está acontecendo naquele lugar? Na calada da noite, ele parte sozinho, para confirmar de antemão, as histórias coletadas. Groemie e seu fiel Taturila tornam-se batedores para a caravana e bem adiante, numa espécie de campina, avistam um movimento no mato alto: a cauda de algum predador da região. O Taturila intimida a criatura, mas sabe que um inimigo à altura, não deve ser ignorado. 

Apresento-lhes o Taturila, feito por um dos jogadores.
     Acampamento erguido e o metamorfo Falken tomado por uma ambição vil, resolve revistar os pobres aldeões em busca de parca recompensa. Alguns shins depois, resolve se afastar, temendo uma nova transformação impetuosa. Já no meio da madrugada, Groemie acorda e descobre (através de uma Intromissão do Mestre), que o Taturila não está ali. Seguindo os rastros, Groemie percebe o que de fato aconteceu: seu mascote saiu para caçar a criatura avistada mais cedo. Quando chega a uma clareira, as duas criaturas já estão de digladiando. Havok que funde Aço com Carne e Noeric que Deixa um Rastro de Gelo se juntam ao embate. O predador é chamando nas espetes de Sarrak e sua cabeça (que é um orbe de energia) emite rajadas destruidoras que podem destruir qualquer artefato eletrônico. Por fim, a criatura é enredada por uma numenera de Noeric e o grupo pode dar os golpes finais. Havok, com êxito ainda consegue coletar e armazenar parte da energia da cabeça da besta em uma caixa-numenera que ele possui. "Pode vir a ser útil" - ele argumenta.

Aqui temos o Sarrak na clareira
     Pela manhã, Jaken chega aos Picos em Brasa e avista uma cena dantesca: casas queimadas, aldeões mortos e sobreviventes torturados e insanos. Eles falam coisas sem sentido sobre algum tipo de entidade. Uma voz que os obriga a terem comportamentos agressivos. Jaken, mesmo sendo um assassino por vocação, fica perturbado com a situação de calamidade encontrado na aldeia. Procurando algum tipo de autoridade local, ele se depara com a entrada subterrânea de uma espécie de Vault. De todas as maneiras, ele tenta adentrar, sem sucesso. Só lhe resta aguardar um sinal lá de dentro. com um susto, ele acorda com um rangido metálico e pesado. A porta enfim, se abre. 

Semana que vem, a conclusão da aventura.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sessão de Jogo: Numenera Parte 02


Por alguma influência lunar, Falken é transformado em algo feral e descontrolado. O Aneen jaz dilacerado na borda de uma das piscinas místicas de Cylion Basin. O tumulto e os urros da criatura rasgam a madrugada acordando todos os moradores do vilarejo. Das janelas observam a criatura ululante e um grupo improvável tentando elaborar uma maneira de contê-la.

Tudo o que sobrou do pobre Aneen...
Depois de certo esforço, Groemie tem uma ideia: usar a criatura que o acompanha (algo próximo a uma fusão entre um tatu e um gorila) para prender a fera, uma espécie de “abraço de urso” utilizando toda a força do Taturilla (alcunha dada pelo restante do grupo). O exótico animal tem êxito e os outros utilizam das habilidades disponíveis para nocautear a fera humanoide. Apenas para ter a surpresa de que realmente se trata de Falken e que ele não possui controle algum sobre a transformação.

Numa breve reunião, decidem que o melhor é manter Falken aprisionado e sob vigilância. Havok, o jack mecânico, elabora uma jaula no ferro-velho da cidade. Com peças sobressalentes e um 20 natural no dado, em questão de algumas horas, retorna com uma jaula móvel com painel eletrônico de senha. Falken acorda e aceita as medidas tomadas pelo grupo. Seu segredo fora revelado e um novo episódio de transformação pode comprometer a missão.

Isso nos leva a Seria e seu irmão que estão sob os cuidados de Darvin, a leitora mnemônica conhecida na região. Eles sabem que o próximo passo agora, é livrar o Jardim Sintético da matilha de Broken Hounds que se alojaram por lá. Os últimos preparativos são feitos, mas nesse momento, eles são abordados por dois estranhos. O primeiro, mantem distância e fica nas sombras. O segundo, diz que deseja acompanhá-los. Apesar de não darem seus nomes, ambos possuem interesse em ajudar expulsar a matilha do Jardim.

Com algumas ressalvas, eles são aceitos no grupo e assim, partem para o jardim sintético. Lá, em algum lugar, está o musgo que Darvin precisa para fazer a ponte psiônica com a menina e obter as informações que o grupo deseja: quem, afinal, está tomando a mente de Seria e deixando as criaturas das redondezas com o comportamento incomum?

Um dos novos integrantes deixa um rastro de gelo...

... para o outro, assassinar é uma arte.
Na minha versão do jardim, elaborei um passo entre duas montanhas. Nesse passo, cresce uma miríade de plantas e frutos exóticos. Esse foi o palco da primeira batalha do grupo: num dado momento, o grupo escutou os rosnados da matilha e a repentina investida dos broken hounds, cuja tática favorita e atacar em grupo. Por sorte o grupo se separou, e Pearl se destacou, lutando um estilo que combinava floreios e passos de balé. A arma disparadora de Moloch (por uma infelicidade de uma falha critica), acaba acertando o painel da jaula de Falken. No calor da batalha e com todos distraídos, ele sai da contenção, mas depois de pensar um pouco, decide ficar. Como uma pequena prova de fidelidade ao grupo. Mostrar que sua verdadeira intenção é ajuda-los, ele fica até o combate terminar e notarem ele. Eles aceitam com bons olhos a postura do tribal (sendo recompensado com 1 de XP).

A poeira se abaixa, Pearl recolhe o musgo com urgência e retorna com Moloch, rumando de volta para Darvin. Ambos sabem que salvar a jovem Seria é a prioridade. Groemie ainda tenta recolher algumas peles em vão. “Nem pra isso, essas criaturas servem...” – o caçador reflete.


A última imagem do grupo, é uma estranha procissão no final do jardim, no final do passo. Cerca de 20 adultos. Cada um deles, leva um defunto nas costas. Os estranhos que se uniram ao grupo disfarçam um sorriso. Era a pista que eles esperavam encontram. Os rumores eram verdadeiros...