terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

True Detective – 3a temporada (EPI 05)



O texto abaixo contém spoilers do episódio.

“If you have ghosts” é no nome do quinto episódio dessa temporada, e que episódio! Temos aqui uma fórmula completa de boas atuações, alta tensão e drama bem executado. Abrimos na timeline dos anos 90, com a força tarefa montada por Roland, lidando com as peças que possuem e com a possibilidade nefasta de que eles não são os únicos atrás de Julie e o pior: da possibilidade dela não querer ser encontrada. Isso certamente pode comprometer toda a investigação.

Lucy, a mãe das crianças, devastada pela morte do filho e o desaparecimento da filha, fora encontrada em 88, morta por overdose, num quarto de hotel. E os detetives acreditam que o melhor que podem fazer é manter seu ex-marido, Tom, protegido. E é ele mesmo que surge em cena, devastado olhando para a filha já crescida, encontrada na analise das câmeras de vigilância por Hays, anteriormente. Os olhos marejados de Tom, demonstram toda a agonia e desespero do pai.



E então, cortamos para a timeline original, no momento em que o episódio 4 se encerrou: o ataque a casa do Trash Man (Woodard), o nativo americano veterano de guerra, que transformou seu lar numa casamata. Nossa dupla de detetives chega no momento exato em que um dos rednecks chuta a porta e aciona a mina claymore. E o caos se instaura, mantendo a tradição de True Detective: o quinto episódio, sempre tem um “banho de sangue”. Nessa sequencia temos a resposta para a pergunta levantada na resenha da semana passada também: Roland está mancando nos anos 90, pois levou um tiro na perna que quase o fez ter uma amputação. 
Em Call of Cthulhu, isso causa 2d6+2 de dano! 
Em seguida, a negociação tensa entre Woodard e Hays. Essa cena serve para mostrar de vez, a índole do Trash Man: veterano de guerra, mas largado pelo Estado, não tem para onde ir, nem como sustentar direito sua filha pequena. Ele já se encontra nesse estado sem seus direitos respeitados, imagina o cárcere. Ele explica que essa é sua postura, e que se ele não atirar nele, ele matará o policial. Hays, a contragosto, faz sua escolha, finalizando um irmão de armas, ao qual passou a respeitar nesse momento decisivo.



Nos anos 90, os detetives voltam a conversar com Burns, o adolescente que atazanava a vida das crianças nos anos 80, e ele está devastado até hoje pelo terror tocado por eles no interrogatório. Diz que é assombrado até hoje como foi tratado, e que não fez faculdade por causa disso. Percebemos que sua vida é uma merda, porque ele era um valentão chorão. Podem guardar a frase de Hays, no coração de vocês:  



Em 2015, durante a gravação do documentário criminal, a jornalista nos dá uma outra peça do quebra-cabeça, um tal policial chamado Harris James, desapareceu na segunda investigação (na década de 90). Wayne Hays, com sua senilidade, não lembra da pessoa, nem do nome. Me pergunto se esse tal Harris James tenha ficado no caminho dos detetives. Lembra que na cena dos fantasmas aparece um deles, entre os vietcongues, trajado de terno, se essas são as mortes causadas por Hays, ele pode muito bem ter se livrado de um dos policiais que estava atrapalhando suas investigações. Isso e outras coisas mais sinistras, que a própria mente pode estar apagando para proteger sua sanidade.
 
Quem é e o que houve com Harris James?
A sequência seguinte, mostra o jantar em casal de Hays com a esposa e Roland com a moça que ele conheceu na igreja. Hays está perturbado com o lançamento do livro de Amelia. Não sabemos exatamente qual é o problema aqui. Será apenas ciúme? Inveja por ela ter se mostrado uma detetive melhor que ele? A verdade é que sabemos que ele não leu a obra até 2015, informação nos dada na cena seguinte, com ele lendo o livro. Especificamente a frase “As crianças devem rir”, encontrada no bilhete enviado aos pais de Will e Julie nos anos 80 e a frase dita por Lucy quando Amelia vai visitá-la. Hays se lamenta de não ter lido o livro antes, pois ele tem um insight nesse momento. A cena fecha com o estranho carro preto que parece seguir o velho detetive, mas até agora não sabemos se essa paranoia e real ou não.



Mais pra frente, temos uma cena estranhamente sobrenatural, que vi poucos comentando sobre: o jovem Hays percebe a porta sendo aberta pelo seu eu futuro, mostrando que o tempo é uma ilusão. Que as linhas temporais são simultâneas. Tal discussão já havia sido levantada por Rust na primeira temporada, mas geralmente um tema metafisico assim, passa despercebido. Essa cena é incrível.
 
O tempo não é linear, como sempre supomos.
Nos anos 90, Wayne volta a sala de evidencias para analisar as impressões digitais (sugestão de seu parceiro Roland) e descobre que o pacote de brinquedos (ao qual os dados de RPG estão inclusos) está vazio. Além disso, várias pistas falsas foram implantadas grosseiramente na cena do massacre, como para incriminar o Trash Man. Wayne não compra a ideia e fica claro para eles que alguém de muita influencia está por trás disso. Estão mexendo com gente grande e poderosa...




Voltando a 2015, vemos pela primeira vez como está Roland nessa timeline: amargurado, com problemas com álcool e sozinho cuidando de vários cachorros, isolado numa cabana no meio de um bosque. Lá fora, Hays e seu filho chegam para conversar. Antes disso, o filho explica que seja lá a merda que o pai cometeu no passado, já não lembra mais, devido o estágio do Alzheimer. Roland releva, mas fica claro pra nós, que foi algo sinistro mesmo, provavelmente Hays matou alguém, suspeito.

Dessa conversa, Hays se recorda de uma ligação gravada nos anos 90. E essa pode ser a pista mais valiosa do caso: Julie, que viu a coletiva de impressa e o apelo de seu pai em rede nacional, entrou em contato com a policia e entregou quatro informações bastante perturbadoras:

1o – ela não quer ser encontrada
2o – Julie Purcell não é o nome dela
3o – Tom não é seu pai de verdade
4o – ele sabe o que aconteceu com seu irmão Will


Isso joga toda uma nova luz no caso, com Tom (e provavelmente Lucy) como principais suspeitos. O que dá um desconforto enorme na gente, principalmente depois de ver toda a dor e tristeza mostrado pelo casal ao longo dos episódios. Ao menos que Julie esteja confusa mentalmente ou com uma arma apontada para a cabeça. Veremos... O quinto episódio fecha com um convite do velho Hays, para o velho Roland: “Vamos agitar as coisas. Vamos encerrar esse caso” Roland resiste, mas a tentação é grande. Roland West ri da situação: “dois velhos malucos, com distintivo e armas” – isso será incrível de se ver!

Abraço a todos e até semana que vem.

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