O texto
abaixo contém spoilers do episódio.
“If you have
ghosts” é no nome do quinto episódio dessa temporada, e que episódio! Temos
aqui uma fórmula completa de boas atuações, alta tensão e drama bem executado.
Abrimos na timeline dos anos 90, com a força tarefa montada por Roland, lidando
com as peças que possuem e com a possibilidade nefasta de que eles não são os
únicos atrás de Julie e o pior: da possibilidade dela não querer ser
encontrada. Isso certamente pode comprometer toda a investigação.
Lucy, a mãe
das crianças, devastada pela morte do filho e o desaparecimento da filha, fora
encontrada em 88, morta por overdose, num quarto de hotel. E os detetives
acreditam que o melhor que podem fazer é manter seu ex-marido, Tom, protegido. E
é ele mesmo que surge em cena, devastado olhando para a filha já crescida,
encontrada na analise das câmeras de vigilância por Hays, anteriormente. Os
olhos marejados de Tom, demonstram toda a agonia e desespero do pai.
E então,
cortamos para a timeline original, no momento em que o episódio 4 se encerrou:
o ataque a casa do Trash Man (Woodard), o nativo americano veterano de guerra,
que transformou seu lar numa casamata. Nossa dupla de detetives chega no
momento exato em que um dos rednecks chuta a porta e aciona a mina claymore. E o
caos se instaura, mantendo a tradição de True Detective: o quinto episódio,
sempre tem um “banho de sangue”. Nessa sequencia temos a resposta para a
pergunta levantada na resenha da semana passada também: Roland está mancando
nos anos 90, pois levou um tiro na perna que quase o fez ter uma amputação.
Em seguida,
a negociação tensa entre Woodard e Hays. Essa cena serve para mostrar de vez, a
índole do Trash Man: veterano de guerra, mas largado pelo Estado, não tem para
onde ir, nem como sustentar direito sua filha pequena. Ele já se encontra nesse
estado sem seus direitos respeitados, imagina o cárcere. Ele explica que essa é
sua postura, e que se ele não atirar nele, ele matará o policial. Hays, a
contragosto, faz sua escolha, finalizando um irmão de armas, ao qual passou a
respeitar nesse momento decisivo.
Nos anos 90,
os detetives voltam a conversar com Burns, o adolescente que atazanava a vida
das crianças nos anos 80, e ele está devastado até hoje pelo terror tocado por
eles no interrogatório. Diz que é assombrado até hoje como foi tratado, e que não
fez faculdade por causa disso. Percebemos que sua vida é uma merda, porque ele
era um valentão chorão. Podem guardar a frase de Hays, no coração de vocês:
Em 2015,
durante a gravação do documentário criminal, a jornalista nos dá uma outra peça
do quebra-cabeça, um tal policial chamado Harris James, desapareceu na segunda
investigação (na década de 90). Wayne Hays, com sua senilidade, não lembra da
pessoa, nem do nome. Me pergunto se esse tal Harris James tenha ficado no
caminho dos detetives. Lembra que na cena dos fantasmas aparece um deles, entre
os vietcongues, trajado de terno, se essas são as mortes causadas por Hays, ele
pode muito bem ter se livrado de um dos policiais que estava atrapalhando suas investigações.
Isso e outras coisas mais sinistras, que a própria mente pode estar apagando
para proteger sua sanidade.
A sequência seguinte,
mostra o jantar em casal de Hays com a esposa e Roland com a moça que ele
conheceu na igreja. Hays está perturbado com o lançamento do livro de Amelia. Não
sabemos exatamente qual é o problema aqui. Será apenas ciúme? Inveja por ela
ter se mostrado uma detetive melhor que ele? A verdade é que sabemos que ele não
leu a obra até 2015, informação nos dada na cena seguinte, com ele lendo o
livro. Especificamente a frase “As crianças devem rir”, encontrada no bilhete
enviado aos pais de Will e Julie nos anos 80 e a frase dita por Lucy quando
Amelia vai visitá-la. Hays se lamenta de não ter lido o livro antes, pois ele
tem um insight nesse momento. A cena fecha com o estranho carro preto que
parece seguir o velho detetive, mas até agora não sabemos se essa paranoia e
real ou não.
Mais pra
frente, temos uma cena estranhamente sobrenatural, que vi poucos comentando
sobre: o jovem Hays percebe a porta sendo aberta pelo seu eu futuro, mostrando
que o tempo é uma ilusão. Que as linhas temporais são simultâneas. Tal discussão
já havia sido levantada por Rust na primeira temporada, mas geralmente um tema metafisico
assim, passa despercebido. Essa cena é incrível.
Nos anos 90,
Wayne volta a sala de evidencias para analisar as impressões digitais (sugestão
de seu parceiro Roland) e descobre que o pacote de brinquedos (ao qual os dados
de RPG estão inclusos) está vazio. Além disso, várias pistas falsas foram implantadas
grosseiramente na cena do massacre, como para incriminar o Trash Man. Wayne não
compra a ideia e fica claro para eles que alguém de muita influencia está por
trás disso. Estão mexendo com gente grande e poderosa...
Voltando a
2015, vemos pela primeira vez como está Roland nessa timeline: amargurado, com
problemas com álcool e sozinho cuidando de vários cachorros, isolado numa
cabana no meio de um bosque. Lá fora, Hays e seu filho chegam para conversar. Antes
disso, o filho explica que seja lá a merda que o pai cometeu no passado, já não lembra
mais, devido o estágio do Alzheimer. Roland releva, mas fica claro pra nós, que
foi algo sinistro mesmo, provavelmente Hays matou alguém, suspeito.
Dessa
conversa, Hays se recorda de uma ligação gravada nos anos 90. E essa pode ser a
pista mais valiosa do caso: Julie, que viu a coletiva de impressa e o apelo de
seu pai em rede nacional, entrou em contato com a policia e entregou quatro informações
bastante perturbadoras:
1o
– ela não quer ser encontrada
2o
– Julie Purcell não é o nome dela
3o
– Tom não é seu pai de verdade
4o
– ele sabe o que aconteceu com seu irmão Will
Isso joga
toda uma nova luz no caso, com Tom (e provavelmente Lucy) como principais suspeitos.
O que dá um desconforto enorme na gente, principalmente depois de ver toda a
dor e tristeza mostrado pelo casal ao longo dos episódios. Ao menos que Julie esteja confusa mentalmente ou com uma arma apontada para a cabeça. Veremos... O quinto episódio
fecha com um convite do velho Hays, para o velho Roland: “Vamos agitar as
coisas. Vamos encerrar esse caso” Roland resiste, mas a tentação é grande.
Roland West ri da situação: “dois velhos malucos, com distintivo e armas” –
isso será incrível de se ver!
Abraço a
todos e até semana que vem.
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