terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Resenha: A Companhia Negra (sem spoilers)


     Escrita por Glen Cook e lançada originalmente nos anos 80 nos EUA, A Companhia Negra é uma série dark fantasy que narra as campanhas militares de uma unidade mercenária de elite. Toda a história é em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Chagas, nosso protagonista. Chagas é o médico e escriba do grupo, sendo ele o responsável por registar e imortalizar os feitos da companhia.  Logo, é como se você, leitor, estivesse lendo seus registros de fato.

No Brasil, temos publicado desde 2013, a primeira trilogia, que inicia e fecha um arco completo. Mostrando a Companhia Negra sendo contratada pela Dama, uma misteriosa feiticeira que despertou de um sono de eras. Agora, ela quer reconquistar todos os territórios e prestígios perdidos. A seu lado, ela tem um grande exército, mas deseja a Companhia Negra em sua folha de pagamento para servir de “tropa de elite” nas batalhas que virão. Além disso, ela tem sob seu domínio, os sinistros Tomados, antigos feiticeiros que serviram do outro lado da guerra no passado distante. Aos poucos, o grupo vai se questionando se fizeram as escolhas certas.

Gosto do fato de que os personagens não possuem nomes próprios, apenas alcunhas: Chagas, Corvo, Capitão, Manco, entre outros. Isso acontece por vários motivos, o primeiro é que a Companhia Negra ignora quem você foi no passado, ou qual sua linhagem. Se você está ali com eles é porque se provou em ação e todos são tratados como iguais (mais ou menos como a Patrulha da Noite em Guerra dos Tronos). Segundo, a magia do mundo tem muito mais influência se você souber o nome verdadeiro do alvo. Na verdade, esse é o momento perfeito para explicar como a magia funciona no mundo desenvolvido por Cook. A magia é utilizada como um recurso de guerra. Mais ou menos assim: se no mundo real, os militares usam cortinas de fumaça para ganhar cobertura, aqui, os magos usam efeitos mágicos para os mesmos resultados. Se eles precisam explodir uma ponte, eles usam poderes combinados para realizar tal feito, gerando semelhante destruição. Por fim, os soldados carregam os magos fatigados no ombro, para repousarem e recuperarem suas energias, emulando assim, um recurso raro e precioso, que deve ser utilizado com sabedoria e estratégia. E essa proposta é genial!

Glen Cook foi oficial do exército e é formado em psicologia, trabalhando de maneira natural esses dois aspectos em sua obra. Estratégias bem elaboradas, dilemas morais e traumas psicológicos. Todos eles, ingredientes de uma guerra real. Li algumas resenhas de pessoas reclamando do estilo de escrita do autor, pois ele não detalha muito o cenário e nem os personagens, mas para mim, isso foi uma vantagem: ele deixa sua imaginação criar (ou completar) as imagens do terreno em que viajam, das criaturas que encontram e até dos personagens principais. O resultado é um livro maduro e direto, mesmo num cenário fantástico.

A saga da Companhia Negra é essencial para jogadores de RPG e amantes de fantasia em geral. É uma aula de como contar uma história sem alegorias e afetações do gênero. Além das cenas épicas de batalha e estratégia militar!

Boa leitura a todos!




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