quinta-feira, 15 de março de 2018

Resenha: Isle of the Unknown

   Escrito por Geoffrey McKinney e lançado em 2011 sob o selo do RPG Lamentations of the Flame Princess, Isle of the Unknown é um cenário de campanha de weird fantasy, voltado ao movimento OSR. Logo, é bem neutro em questão de regras, podendo ser utilizado em conjunto do seu D&D-like favorito.
   O foco do cenário é a exploração hexcrawl da tal Ilha do Desconhecido. Por isso, o Referee (como a figura do Mestre é conhecida no Lamentations), recebe a descrição de “algo estranho” que existe em cada hexágono do mapa (que pode ser uma criatura bizarra, um NPC bizarro, uma estátua bizarra ou simplesmente um evento bizarro). Os mais desconfiados podem ser perguntar: “mas quais são as reais chances de ter o encontro específico em um hexágono de milhas e milhas de comprimento?” Bom, essa foi uma das principais criticas do livro, mas que eu acho injusta, na verdade. A entrada enumerada, oferece o evento PRINCIPAL daquele setor. Cabe ao Referee, dar certa verossimilhança àquele espaço. Se no hexágono atual dos aventureiros, estiver sinalizado como tendo uma criatura que se assemelha a um cacto ambulante flamejante (essa criatura de fato é descrita no livro), faça com que o grupo ande por vários trechos com marcas de incêndio. Eles podem avistar fumaça no horizonte. Ou mesmo encontrar inscrições e desenhos numa gruta, acerca de tal diabrura humanoide. Até culminar no encontro em si: imagine o grupo acampado durante a noite e avistar esse fogo humanoide andando na direção deles! Assim, basta entender que em cada hexágono está o PRINCIPAL a ser encontrado na região. As adjacências a esse fato, cabe ao Referee.

Cabe ao grupo ir anotando as coisas encontradas no processo de exploração.
   Além disso, o pequeno tomo funciona como um bestiário. Apresenta cerca de 100 criaturas inéditas e nem todas são tão bacanas. Algumas parecem pokémons do inferno, alguns poucos que eu (me conhecendo e conhecendo meu grupo), não usaria nunca. Enquanto as full page arts de alguns NPCs são lindas composições, alguns desses monstros beiram o tosco, infelizmente. Pra quem leu Lovecraft, conhece o dilema: as criaturas do Mythos são belissimamente descritas, mas quando alguém tenta desenhá-las, corre o sério risco de parecerem risíveis. Acho que a saída para muitos dos monstros contidos no livro, é o exímio trabalho do Referee ao descrever a criatura e não simplesmente mostrar o desenho. Sério, acredite em mim!
Espero MESMO, que seja uma homenagem à Monty Phyton!

WTF? 
As ilustrações de página cheia são lindas, de fato!
Coloque puzzles na Ilha e você terá uma experiência digna de Myst!
   No mais, o livro é só elogios. É possível conduzir uma campanha inteira explorando a ilha. Os NPCs são bem intrigantes e naturalmente alguns virarão aliados, outros inimigos recorrentes do grupo. As estátuas da Ilha são igualmente inusitadas. Sempre amei estátuas, pois são naturalmente, intrigantes. E existem muitas espalhadas na Ilha. Algumas poderão ser a danação dos curiosos, outras, garantirão recompensas.
   Por fim, ao ler Isle of the Unknown, é impossível não ficar inspirado, ainda mais eu que tenho muita nostalgia e carinho pela série de jogos eletrônicos Myst. Em muitos aspectos, a Ilha parece a ambientação misteriosa e estranha do jogo. Dá para deixar os jogadores reflexivos e instigados com muitas coisas aqui e finalmente, dosar o processo de descoberta e recompensar as boas ideias apresentadas pelos jogadores. A Ilha é um lugar perigoso e belo. E é justamente esse contraste que torna o livro, um recurso valioso. Há ainda, uma única cidade na Ilha e seria interessante montar um objetivo claro para os personagens, para que a exploração tenha um direcionamento e um fim. Por exemplo: encontrar a única cidade que existe na ilha e obter uma resposta do oráculo, ou recuperar uma relíquia de imenso poder numa masmorra em algum ponto. Isle of the Unknown é interessante para qualquer nível, mas me pego pensando como ficaria épico, ela ser o fechamento de uma campanha.
   Atualmente estou preparando uma campanha para usar esse livro e é impossível não ficar refletindo se devo utilizar de fato, o Lamentations, ou o Dungeon Crawl Classics, até a Rules Cyclopedia eu cogitei! Seria um cenário adequado também para o Espadas Afiadas & Feitiços Sinistros, entretanto, existem muitos clérigos na Ilha. Por mim, transformaria eles em ocultistas venerando entidades estranhas, e tudo se encaixará. E vocês, teriam coragem de explorar essa ilha bizarra?


Abraço a todos e bons jogos!    

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