quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

True Detective – 3a temporada (EPI 03)


O texto abaixo contém spoilers do episódio.


True Detective segue com o bem-vindo clima noir investigativo nesse terceiro episódio, sustentado magistralmente por bons diálogos e ótimas atuações. Episódio esse, que abre com Roland (parceiro de Hays) na década de 90, apresentando algumas dicas de onde a investigação nos anos 80 deu errado. Vemos também, que Hays, nos dias de hoje, ainda é bastante assombrado pelo caso (que não teve desfecho), e que como citei na resenha anterior, está ciente de que é seu inconsciente tentando lhe dizer alguma coisa. Infelizmente, ele está sozinho, seu filho e o médico, sustentam a teoria de que algum quadro de demência está se iniciando, no velho detetive. Ponto alto para a caracterização e interpretação de Hays nessa timeline, diga-se. Vemos também, a relação de Hays com sua futura esposa sendo estabelecida, tanto com cenas doces (como no carro), como tensas, quando ela diz que obteve informações ao preço de um jantar. O detetive, claramente, não quer ela ligada ao caso, seja direta ou indiretamente, temendo por sua segurança.

Voltando para a linha investigativa original, nos anos 80, vemos Hays e Roland perturbados com a falta de pistas. Eles decidem olhar a casa dos pais de Will e Julie novamente, temendo terem deixado alguma coisa passar. Roland encontra o fichário de Will, onde o menino guardava todas as suas coisas de RPG (apesar do nome do jogo não ser citado em nenhum momento): temos dois mapas: de uma masmorra e de uma floresta (provavelmente da aventura The Forests of Leng), temos ainda, a ficha do personagem de Will (Thundarr, o bárbaro, a propósito) e Roland nota que o menino jogava bastante aquele jogo, pela quantidade de material produzido. E nota também, que o jogo não é jogado sozinho. Ele se encontrava com alguém na floresta. 
Força 21 no AD&D 1st edition? Que apelão!


Hay, em outro cômodo, encontra bonecas (tipo Barbie) e um caderno cheio de recadinhos rápidos do tipo: “Sempre irei te proteger”, “Sempre estarei aqui” ou “Está tudo bem”. Será que a pessoa do bilhete, é a mesma que jogava AD&D com Will? Acredito que sim.



Mudando de timeline, vemos Hays com seus filhos, fazendo compras no Wal-Mart numa cena extremamente tensa, pois num dado momento, Wayne Hays acha que sua filha fora raptada dentro mercado, diante dos seus olhos, ele acredita. Toda a sequência trabalha a questão: Hays é paranoico ou seus medos são justificados? Ainda não temos como saber...



Voltando para a timeline inicial, a dupla de detetives visita um tal de Ozark Children´s Outreach Center, pista obtida pela mãe de Julie que trabalhou por um tempo ali. Como disse, True Detective trabalha a imensa garra maligna estendida por uma rede de pedofilia e cultos satânicos pelos EUA. Não é novidade que instituições filantrópicas desse tipo, atuem nesse ramo tão terrível secretamente. O quadro atrás de Roland, é tão sinistro quanto essa terrível realidade:


De volta a delegacia, eles estudam o material coletado e começam a montar o quadro investigativo. Como sempre, muitas perguntas, nenhuma resposta para os dois policias. Cenas depois, vemos Hays voltando ao bosque para explorar outras áreas. O tom onírico da cena, parece mostrar que ele vaga pelas Florestas de Leng, metaforicamente falando. Tal andança o leva os dados de RPG de Will, perdidos na floresta, além do local, onde o menino fora assassinado (pelas marcas de sangue na pedra). Como Roland depois menciona (e fazendo o contexto com a época), o jogo estava sofrendo uma caça às bruxas (conhecido na gringa como Satanic Panic), pois estava sendo conectado à assassinatos e suicídios.




Depois disso, vemos o Trash Man sendo atacado por pessoas de bem da cidade, tomados por medo, investem covardemente contra a pessoa mais fraca. O Trash Man ainda tenta se defender, mas não dá conta do grupo, que o espanca. Reforçando minha teoria da inocência do mesmo.



Por fim, uma última pista assombrosa. No álbum de fotografias da família, uma foto de Will em sua primeira comunhão, numa pose idêntica ao qual foi encontrado sem vida:




O episódio encerra com Roland nos anos 90, convencendo Hays a reabrir o caso nos anos 90. Com relutância visível, ele concorda. Vale notar que nenhuma resposta foi dada para os mistérios levantados nos dois primeiros episódios. Pelo contrário: novas perguntas são lançadas!  

O que dá tão errado na investigação nos anos 80?
O que o inconsciente de Hays está tentando avisar a ele? Pela visão que o velho Hays tem da esposa em 2015, será que ela deu alguma pista ignorada por ele?
Quem colocou Will naquela posição especifica, teve ligação com ele na primeira comunhão? É um conhecido da família?
E que contexto, os bilhetes entregues a pequena Julie, foram escritos?

Abraço a todos e fiquem à vontade para colocar suas teorias aqui.

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