Na última bienal carioca (setembro de 2015), adquiri uma das
aventuras oficiais que iriam apresentar o D&D Next (depois,
renomeado para D&D 5ª edição) por meio do evento The
Sundering, catapultado lá na gringa, por uma nova leva de romances
também. Comprei essa pelo óbvio apelo do título: uma trama que se
passa em Baldur´s Gate com promessas de algum fan service
para os órfãos dos jogos eletrônicos Baldur´s Gate 1 e 2 (que
joguei a infância toda). Ou seja, algo para que os jogadores
veteranos tivessem a sensação de estar jogando quase um Baldur´s
Gate 3.
Bhaal ama Baldur´s Gate. Com certeza. |
Porém, só
agora tive tempo para sentar e ler. A aventura é multi-sistema
(existem estatísticas, para 3.5, 4ª edição e 5ª edição) e é
composta por 3 itens: um livro de 64 páginas detalhando Baldur´s
Gate, seus distritos, sua história, situação política atual e
suas facções. Um livreto de 32 páginas com a aventura propriamente
dita e um lindo screen com o mapa da cidade com suas
principais construções e uma útil tabela de prováveis encontros
na cidade.
O Screen de fato, é lindo! |
E bom, a
aventura não é tudo aquilo que prometeram. Existem sim, coisas
boas. O assassinato do título é apenas o estopim para as intrigas
que eclodem entre 3 facções de poder: os Flaming Fists, The Watch e
The Guild. Assim sendo, a trama é estruturada em vários Stages que
são situações (bélicas ou não) onde as 3 facções agem e os PCs
devem reagir, escolhendo quem prevalece e quem sai prejudicado, para
no final a balança de poder ser definida num dos maiores baluartes
estratégicos de Forgotten Realms.
Esqueça
as aventuras de exploração de masmorras e templos, essa é uma
história de intriga política, conflito de interesses entre forças
opositoras, cada uma com sua agenda. Mas meu problema com a aventura
foi justamente nesse ponto: não senti a trama orgânica e sim
mecânica. Parecia que estava lendo o “detonado” de um jogo
eletrônico. O material descritivo da cidade é vasto e detalhado. O
livro de 64 páginas é um ótimo cenário para se aventurar, no fim
das contas, a aventura clama esforço por parte do Mestre. Ou você
faz seus encontros após encontros ou terá que criar cenas de
interlúdio onde os jogadores possam sentir vida na cidade e entender
o porquê de Baldur´s Gate ser tão amada pelos fãs.
O distritos são bem detalhados. |
Outro
problema dele é o preço alto, como disse acima, comprei na Bienal,
numa queima de estoque no stand da Jambô por R$ 50,00. Um preço
justo pelo material, mas o preço original de 35 doletas,
transforma-o num produto caro. Além disso, a aventura não possui as
estatísticas dos monstros, apenas dos principais NPCs, o Mestre
precisa baixar um PDF gratuito no site da Wizards com essas
estatísticas, um recurso “meio cagado” para economizar espaço
nos livretos, na minha opinião.
Por fim,
meu veredito é esse: um cenário rico e famoso, ideal para um
sandbox (embasado na liberdade de exploração e escolha dos
jogadores), desperdiçado numa trama engessada, extremamente railroad
(pré-estruturada em evento após evento). Mas é um material bonito,
isso é inegável. Bons
jogos a todos.
To narrando ela agora e sentindo muita dificuldade em motivar os jogadores pra trama. O mistério do assassinato inicial parece ser ignorado por todos pra dar lugar ao um jogo de poder que pode não interessar nada aos jogadores e eles simplesmente virarem as costas e saírem da cidade. No fim o grupo não queria ajudar nenhum dos 3 grupos e rolou um certo meta game pra que quisessem seguir ajudando alguem :/
ResponderExcluirPutz, síntese perfeita. Exatamente isso que senti ao ler. Exige bastante por parte do Mestre, criar essas motivações e talvez até mesmo, NPCS que ilustrem melhor os objetivos e motivações de cada uma das facções, talvez assim, os jogadores se apeguem a alguma delas. Obrigado por ler e comentar.
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