quarta-feira, 13 de julho de 2016

Resenha: Murder in Baldur´s Gate


      Na última bienal carioca (setembro de 2015), adquiri uma das aventuras oficiais que iriam apresentar o D&D Next (depois, renomeado para D&D 5ª edição) por meio do evento The Sundering, catapultado lá na gringa, por uma nova leva de romances também. Comprei essa pelo óbvio apelo do título: uma trama que se passa em Baldur´s Gate com promessas de algum fan service para os órfãos dos jogos eletrônicos Baldur´s Gate 1 e 2 (que joguei a infância toda). Ou seja, algo para que os jogadores veteranos tivessem a sensação de estar jogando quase um Baldur´s Gate 3.

Bhaal ama Baldur´s Gate. Com certeza.
        Porém, só agora tive tempo para sentar e ler. A aventura é multi-sistema (existem estatísticas, para 3.5, 4ª edição e 5ª edição) e é composta por 3 itens: um livro de 64 páginas detalhando Baldur´s Gate, seus distritos, sua história, situação política atual e suas facções. Um livreto de 32 páginas com a aventura propriamente dita e um lindo screen com o mapa da cidade com suas principais construções e uma útil tabela de prováveis encontros na cidade.

O Screen de fato, é lindo!
        E bom, a aventura não é tudo aquilo que prometeram. Existem sim, coisas boas. O assassinato do título é apenas o estopim para as intrigas que eclodem entre 3 facções de poder: os Flaming Fists, The Watch e The Guild. Assim sendo, a trama é estruturada em vários Stages que são situações (bélicas ou não) onde as 3 facções agem e os PCs devem reagir, escolhendo quem prevalece e quem sai prejudicado, para no final a balança de poder ser definida num dos maiores baluartes estratégicos de Forgotten Realms.

      Esqueça as aventuras de exploração de masmorras e templos, essa é uma história de intriga política, conflito de interesses entre forças opositoras, cada uma com sua agenda. Mas meu problema com a aventura foi justamente nesse ponto: não senti a trama orgânica e sim mecânica. Parecia que estava lendo o “detonado” de um jogo eletrônico. O material descritivo da cidade é vasto e detalhado. O livro de 64 páginas é um ótimo cenário para se aventurar, no fim das contas, a aventura clama esforço por parte do Mestre. Ou você faz seus encontros após encontros ou terá que criar cenas de interlúdio onde os jogadores possam sentir vida na cidade e entender o porquê de Baldur´s Gate ser tão amada pelos fãs.
O distritos são bem detalhados.
      Outro problema dele é o preço alto, como disse acima, comprei na Bienal, numa queima de estoque no stand da Jambô por R$ 50,00. Um preço justo pelo material, mas o preço original de 35 doletas, transforma-o num produto caro. Além disso, a aventura não possui as estatísticas dos monstros, apenas dos principais NPCs, o Mestre precisa baixar um PDF gratuito no site da Wizards com essas estatísticas, um recurso “meio cagado” para economizar espaço nos livretos, na minha opinião.

Por fim, meu veredito é esse: um cenário rico e famoso, ideal para um sandbox (embasado na liberdade de exploração e escolha dos jogadores), desperdiçado numa trama engessada, extremamente railroad (pré-estruturada em evento após evento). Mas é um material bonito, isso é inegável. Bons jogos a todos.  

2 comentários:

  1. To narrando ela agora e sentindo muita dificuldade em motivar os jogadores pra trama. O mistério do assassinato inicial parece ser ignorado por todos pra dar lugar ao um jogo de poder que pode não interessar nada aos jogadores e eles simplesmente virarem as costas e saírem da cidade. No fim o grupo não queria ajudar nenhum dos 3 grupos e rolou um certo meta game pra que quisessem seguir ajudando alguem :/

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    1. Putz, síntese perfeita. Exatamente isso que senti ao ler. Exige bastante por parte do Mestre, criar essas motivações e talvez até mesmo, NPCS que ilustrem melhor os objetivos e motivações de cada uma das facções, talvez assim, os jogadores se apeguem a alguma delas. Obrigado por ler e comentar.

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