Esse artigo
nasceu lendo a aventura Doom of Savage Kings para o Dungeon Crawl Classic. Existe
uma cena especifica (ao qual não entrarei em detalhes) onde uma sacada genial
foi incorporada pelo autor, baseada na seguinte reflexão: e se os itens mágicos
não fossem criados por PCs e nem por NPCs e sim, por situações específicas,
situações de grande provação? Vamos direto para um exemplo prático:
A desafiadora Colina das Águias! Poucos aventureiros chegaram ao topo.
A parede batida e sim vincos, os ventos repentinos e até as aves conspiram para
manter invasores longe de seus picos e dos frutos sagrados que só crescem por
lá. Entretanto, dois ladinos se encontraram hoje em uma estalagem na Capital e
juntos, acreditam que podem realizar tal feito. Anton, o sagaz e Ulik, o
destemido se encontram agora na metade da subida. Os ventos cortantes já
fizeram os dois aventureiros soltarem suas mochilas. O que resta agora, são as
roupas do corpo e a caríssima corda de seda, recompensa de um trabalho noturno.
Um pio distante é ouvido. Águias! Como uma chuva de flechas, a dupla é atacada
ferozmente. As bicadas arrancam nacos de carne dos braços e das pernas, levando
tecido e sangue com elas. Anton não aguenta por muito tempo, e Ulik escuta o
breve parceiro se lamentar e soltar a corda com um grito (no fim, Anton não se mostrou tão sagaz assim...). Ulik olha para cima e
avança, ignorando como pode, a dor aguda. Talvez seja sorte ou pura bondade dos
deuses, porque os ventos fortes voltam e afastam as aves, dando-lhe o tempo
necessário para terminar a escalada. Finalmente o topo e os frutos sagrados! O
templo paga muito bem por eles, dizem que preparam estranhos unguentos. Por fim, quando descer, Ulik terá uma bela surpresa quando descobrir que
sua corda, agora, consegue ajustar sua tensão de ruptura e compensar o peso do ladino.
Nasce assim, a Fantástica Corda de Ulik!
Em termos
de regra, a corda de seda, até então um item mundano (porém caro), acrescenta a
partir desse momento, 3 pontos nas rolagens de Climb sheer surfaces. Depois que o jogador passou no teste de
escalada (queimando pontos de Sorte até!) e chegou ao topo com apenas 2 pontos de
vida, o Mestre decidiu recompensar o feito. Essa cena da escalada ficará para
sempre na memória do grupo, e o nascimento do item mágico, apenas reforçará tal
fato. Ora, essa prática serve para qualquer outro item. Aquele último golpe
contra o Lich foi incrível, um acerto crítico, depois que o restante do grupo
tombou. O grupo revista o aposento em busca do tesouro do Lich, mas descobre
apenas comida estragada, armas oxidadas e trapos do que já foram trajes da
nobreza. “Mas como assim?” – eles perguntam pasmos. O guerreiro parte
frustrado, até descobrir no próximo embate contra mortos-vivos que sua espada longa
(herdada do ferreiro da cidade), agora é mais eficiente contra esse tipo de
criatura, além de vibrar com a aproximação dessas criaturas malditas. Ou quem
sabe por azar (ou sorte), o mesmo golpe decisivo foi efetuado pelo mago, cujo
cajado agora, está imbuído com as propriedades mágicas.
Por fim, tal
medida é uma alternativa perfeita para evitar a presença de loja de itens
mágicos em cada cidade, mas cuidado para não deixar leviano. Utilize esse
recurso apenas em situações desesperadas, no clímax da sua aventura. Desnecessário
dizer que essa prática pode ser adotada em qualquer versão ou releitura do
Dungeons & Dragons.
Bons jogos
a todos!
Bem, eu acredito que a questão da lança na Doom of Savage Kings não foi só por causa da provação, mas porque eles mataram uma criatura poderosa e quase imortal. Quando seu sangue se jorrou sobre a lança, ela se tornou encantada. Acho que foi um confluência de situação tensa e o fato dela ter sido usada para matar um ser imortal.
ResponderExcluirOpa, grande Diogo! Foi isso mesmo, porém, esse clímax me fez refletir sobre esse tipo de gênese dos itens mágicos. Num cenário low fantasy, acho que seria uma forma honesta e interessante de recompensar os heróis.
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