Escrita por Glen Cook e
lançada originalmente nos anos 80 nos EUA, A
Companhia Negra é uma série dark fantasy
que narra as campanhas militares de uma unidade mercenária de elite. Toda a
história é em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Chagas, nosso
protagonista. Chagas é o médico e escriba do grupo, sendo ele o responsável por
registar e imortalizar os feitos da companhia. Logo, é como se você, leitor, estivesse lendo
seus registros de fato.
No Brasil, temos publicado desde 2013, a
primeira trilogia, que inicia e fecha um arco completo. Mostrando a Companhia
Negra sendo contratada pela Dama, uma misteriosa feiticeira que despertou de um
sono de eras. Agora, ela quer reconquistar todos os territórios e prestígios
perdidos. A seu lado, ela tem um grande exército, mas deseja a Companhia Negra
em sua folha de pagamento para servir de “tropa de elite” nas batalhas que
virão. Além disso, ela tem sob seu domínio, os sinistros Tomados, antigos
feiticeiros que serviram do outro lado da guerra no passado distante. Aos
poucos, o grupo vai se questionando se fizeram as escolhas certas.
Gosto do fato de que os
personagens não possuem nomes próprios, apenas alcunhas: Chagas, Corvo, Capitão,
Manco, entre outros. Isso acontece por vários motivos, o primeiro é que a
Companhia Negra ignora quem você foi no passado, ou qual sua linhagem. Se você
está ali com eles é porque se provou em ação e todos são tratados como iguais
(mais ou menos como a Patrulha da Noite em Guerra dos Tronos). Segundo, a magia
do mundo tem muito mais influência se você souber o nome verdadeiro do alvo. Na
verdade, esse é o momento perfeito para explicar como a magia funciona no mundo
desenvolvido por Cook. A magia é utilizada como um recurso de guerra. Mais ou
menos assim: se no mundo real, os militares usam cortinas de fumaça para ganhar
cobertura, aqui, os magos usam efeitos mágicos para os mesmos resultados. Se
eles precisam explodir uma ponte, eles usam poderes combinados para realizar
tal feito, gerando semelhante destruição. Por fim, os soldados carregam os
magos fatigados no ombro, para repousarem e recuperarem suas energias, emulando
assim, um recurso raro e precioso, que deve ser utilizado com sabedoria e
estratégia. E essa proposta é genial!
Glen Cook foi oficial do
exército e é formado em psicologia, trabalhando de maneira natural esses dois
aspectos em sua obra. Estratégias bem elaboradas, dilemas morais e traumas
psicológicos. Todos eles, ingredientes de uma guerra real. Li algumas resenhas
de pessoas reclamando do estilo de escrita do autor, pois ele não detalha muito
o cenário e nem os personagens, mas para mim, isso foi uma vantagem: ele deixa
sua imaginação criar (ou completar) as imagens do terreno em que viajam, das
criaturas que encontram e até dos personagens principais. O resultado é um
livro maduro e direto, mesmo num cenário fantástico.
A saga da Companhia Negra é
essencial para jogadores de RPG e amantes de fantasia em geral. É uma aula de
como contar uma história sem alegorias e afetações do gênero. Além das cenas
épicas de batalha e estratégia militar!
Boa leitura a todos!
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