Você olha para sua estante empenada pelo peso dos livros. Alguns
pegam poeira, outros não saem da sua mochila. Na fileira de trás,
ficam os livros que infelizmente nunca viram mesa. Estão lá: quase
esquecidos. Comprados anos atrás na empolgação pelas novidades
mecânicas ou temáticas.. Ainda estão lá: quase abandonados.
Vivemos tempos onde é possível exportar jogos, financiar jogos
(gringos ou nacionais), baixá-los (seja de maneira legal ou não),
e quando percebemos, estamos com um leque de opções, com uma bela e
vasta coleção de RPGs. No final, quais são os critérios usados
para adotar esse ou aquele sistema? Nesse mar de opções, qual navegar? Geralmente eu começo a responder essa questão com outra
pergunta: “Que tipo de experiência você quer em sua mesa?”.
Abaixo, seguem apenas alguns conceitos que podem pesar tal decisão:
Novidade: alguns sistemas apresentam (ou prometem) novidades
incríveis, sejam inovações mecânicas ou mesmo na abordagem de seu
tema. Geralmente os jogadores (mais precisamente você, que investiu
dinheiro e tempo no livro), desejam experimentar na prática tudo o
que é apresentado no material. Por fim, o simples apelo pela
novidade é um ingrediente que é capaz de renova sua mesa de jogo.
Fique atento nisso: seu grupo pode estar saturado de Dungeons &
Dragons, mas as inovações mecânicas trazidas pelo Dungeon World,
por exemplo, talvez possam renovar a empolgação da galera.
Proposta: a temática tem grande peso. Um leigo pode olhar
para os livros da fotografia acima e ver apenas jogos de fantasia
medieval. Um conhecedor, sabe da distinção temática e mecânica entre eles.
Até na arte, o AD&D 2a edição e o D&D 5a edição se
distinguem em proposta. Enquanto a antiga oferece pinturas de
aquarela, pinturas à óleo e artes que apresentam situações e
design mais “europeu”, a 5a, nos traz uma arte mais vibrante, com
pintura digital e até mesmo com certos vícios de sucessos recentes.
Meu grupo estava numa vibe de ler Robert E. Howard e
Lovecraft, por isso Dungeon Crawl Classics, “caiu como uma luva”.
Logo, qual temática vai agradar você e a seu grupo?
Mecânica: alguns jogos apresentam mecânicas enxutas, como o
Old Dragon e o DCC (sei que esse último é um livrão intimidador,
mas acredite: as regras são enxutas!), outros, apresentam uma
mecânica mais pesada, com a presença de talentos a serem estudados
e selecionados com cuidado, possibilidade de combinar classes, pontos
para distribuir, etc. Isso obviamente está diretamente ligado à
gostos pessoais. Simples assim.
Idioma: alguns Mestres descartam jogos em inglês por um
motivo óbvio: seus jogadores não tem a mesma facilidade que ele com
o idioma do jogo e acabam se sentindo intimidados com 400 páginas
por exemplo, eu outro idioma. Já tive grupo assim e minha solução
foi criar uma planilha de personagem em português e dizer:
“atenham-se à ficha, o resto eu me preocupo”. Claro que os
jogadores não terão uma experiência completa do jogo logo de cara,
mas com o tempo, eles aprenderão naturalmente os termos utilizados.
Já tive boas experiências com essa abordagem.
Acesso: além do idioma, o preço é um agravante que pesa
nessa escolha. Alguns livros são verdadeiros investimentos, pois
você terá ele em mãos apenas com os devidos custos de importação
e entrega. Com o dólar alto, pensa-se duas vezes. Claro, que existem
as opções do livro digital, mas entenda que eu sou um grognard
chato que precisa estar com uma cópia física em mãos.
Claro que existem outros fatores que vão explicar porque tal jogo
está na sua mesa, e o outro está pegando poeira na estante.
Deseja compartilhar alguma experiência? Abraço a todos e bons jogos.
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