Como o Dungeon Crawl Classics é um core book sem descrição de um cenário próprio, é natural você percorrer sua estante de livros, procurando uma campanha que se encaixe bem com a proposta OSR do jogo. Tendo isso em mente, abro a partir de hoje, uma série de posts, onde escolho dois produtos e penso em como eles funcionariam juntos.
A Terra Média de Tolkien chega a ser uma pedida bastante óbvia, tendo em vista que tanto a “Saga do Anel” quanto “O Hobbit” são citados no Apêndice N do DCC. A não distinção entre classe e raça no jogo, ajuda muito a adaptação do cenário para sua mesa: hobbits estão muito bem representados mecanicamente, havendo bônus para se esconder e se espreitar, além de uma relação própria com a Sorte dentro do jogo. Elfos e anões são precisamente representados em suas habilidades especiais, apesar de que Juiz deve ter cuidado ao selecionar as magias para um elfo da Floresta das Trevas, que por exemplo, teria habilidades mágicas mais sutis, em comparação às linhagens nobres e mais poderosas de Lothlórien.
Falando em magia, o sistema de magia da Terra Média pode ser lindamente representado no DCC, pois é uma magia volúvel, que atrai para a corrupção e o desgaste do porte físico e da sanidade de quem a manipula levianamente (ou desesperadamente). É possível imaginar em termos de regra, Gandalf se utilizando de Spellburn (a queima temporária de atributos para fortalecer o teste de magia) ao enfrentar o Balrog e os hobbits gastando a pilha de Sorte para se safarem dos trolls e dos Cavaleiros Negros. Itens mágicos nunca foram mundanos no mundo de Tolkien e é assim também no DCC: cada item possui seu próprio histórico. Alguns apresentam até mesmo personalidades sutis (como Ferroada) ou mais explícitas (como o Um Anel). Aliás, dividir seus itens mágicos nessas duas categorias seria uma boa ideia.
Por último, o DCC sugere que o Juiz faça de seus monstros, únicos. E durante a Saga do Anel, é o que nossos aventureiros mais se deparam: cavaleiros negros que foram reis de outrora, a criatura-gollum, seres tumulares, o balrog; é que hoje estamos saturados deles, mas lembro muito bem quando em 1997, li a trilogia pela primeira vez (uma edição lusitana) e achar essas criaturas muito bizarras e únicas, de fato.
Logo, a Terra Média se mostra uma ótima pedida para sua campanha de Dungeon Crawl Classics, pois está tudo pronto: eu me desprendo do cânone e voilá: um mundo cheio de mistérios perdidos, de magias perigosas e de nostalgia. Essa é a síntese do Dungeon Crawl Classics.
Abraço a todos!
Particularmente acho o Hobbit acho bem mais perfeito pra vibe do DCC que o resto do material do Tolkien, que costuma ter um tom muito épico demais. É isso aí, Appendix N sempre inspira! =)
ResponderExcluirSim, até tinha a impressão que a Saga do Anel nem estivesse nas recomendações do DCC, apenas o Hobbit, mas está lá mesmo. A grande verdade é que a gente fica com as afetações dos filmes na cabeça, mas o tom clássico da trilogia é belíssimo também. Abraço e obrigado por ler e comentar.
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