quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Resenha: Ravenloft – Children of the Night

“A lua está cheia. As névoas subiram. O terror está a espreita. “ Essas são as frases que abrem o material trazido em Ravenloft: O Monstrous Compendium, Apêndice 2 – Children of the Night. Os Monstrous Compendium foi uma ideia que veio junto com os livros do AD&D 2ª edição, as edições de 1989, e não aquelas revisadas capas pretas, que vieram para o Brasil nas mãos da Abril Jovem. A ideia desses Monstrous Compendium é trazer numa espécie de fascículos, monstros e criaturas variadas para o Mestre poder customizar um fichário. Essas folhas já viam com os buracos do fichário (como observado na imagem abaixo). Por exemplo, se você vai mestrar em Ravenloft, bastava esvaziar seu fichário e remontá-lo apenas com as criaturas desse cenário. A ideia é boa, mas não é muito prática, pelo menos na minha opinião. Tempos depois, fora abandonada e reformatada em softcover ou rumou para o Livro dos Monstros clássico da 2ª edição, como o conhecemos.




Entretanto, apesar desse formato, um deles sempre foi o meu favorito: lançado em novembro de 1993, o Apêndice 2 – Children of the Night para Ravenloft, chama atenção por um fato especial: ao invés de trazer apenas um leque de novos monstros genéricos, ele apresenta 20 criaturas únicas! São NPCs monstruosos repletos de ideias e inspirações para você colocar em sua aventura. Alguns desses personagens já haviam sido citados no suplemento Dark Lords e na caixa Forbidden Lore, mas aqui, o autor, William W. Connors, fez um pedido incomum para seus editores: um apanhado de vilões únicos. NPCs prontos para usar e protagonizar os terrores do cenário de campanha. Não tão importantes e poderosos como os Dark Lords (organizados no suplemento de mesmo nome), mas vilões com menos poder, mas ricamente detalhados em seus backgrounds e possibilidades. E de fato, o material cumpre essa função. Além disso, esse material marca o último suplemento de fichário. Depois dele, todos os compendiums de monstros foram publicados em formato de livro mesmo. A titulo de curiosidade, o próximo foi o Mystara Monstrous Compendium, no início de 1994 e em julho, o Planescape Monstrous Compendium. Ambos já compilados em formato de livro softcover.
Vamos pegar alguns exemplos para ilustrar como isso é trabalhado no material. O PCs chegam de uma aventura, sentam na estalagem para descansar e se recompor. Querem beber, conversar com outros NPCs e quem sabe alugar alguns quartos. No palco, dois homens tocando violão e uma dançarina. De incírlve beleza, ela executa com maestria seu número de dança, por fim, ela olha para um dos personagens-jogadores. Ela está claramente interessada nele. Sem saber, essa é Nostalia Romaine, uma ermodenung, capaz de matar com seu toque extremamente venenoso. Seu objetivo é secreto e maligno: roubar as forças dos homens ao qual se deita para manter sua juventude eterna. Coisa que certamente ela tentará fazer com o jogador interessado em passar essa noite com ela. Esse tipo de semente que o livro planta, é capaz de criar uma aventura (ou mesmo uma campanha inteira) girando em torno de apenas um desses NPCs. E repito: cada background é ricamente detalhado. Pode ser que Nostalia fuja depois de uma tentativa frustrada, ou que de fato, mate o personagem que dormir com ela. E o grupo ter que caça a cruel dançarina pelo domínio de Borca. O desafio não tem nada a ver com a ficha dela ser poderosa e sim com as táticas usadas por ela. E esse, é o mote dos NPCs trazidos.
Vamos pegar outro NPC do livro: Desmond LaRouche, apresentado como um meio-golem. Outrora dotado de incrível beleza, o jovem cientista fora amaldiçoado na terra das brumas, numa noite, viu metade de seu corpo se tornar grotesco. Sua voz oscila entre o suave de antigamente, e o monstruoso de sua metade vil. Além disso, sua tendência também oscila: o personagem se torna interessante, pois num dado momento, ele pode surgir querendo matar os PCs e em outros momentos, surgir para ajudar o grupo contra outro inimigo. Essa dualidade, certamente trará um dilema a tona para o grupo decidir: matar Desmond ou deixá-lo viver, com a esperança que poderão futuramente reverter sua condição...
Além deles, ainda temos um golem mecânico, mantido vivo pela magia sinistra de Easan, darklord de Vechor. Também figura trágica e sinistra, temos Jaqueline Montarri, uma mulher que fora decapitada e que hoje coleciona cabeças em busca da sua original. Para citar um último exemplo, temos o Midnight Slasher (ou Retalhador da Meia-Noite), um assassino cruel que está matando inocentes nas ruas da cidade. Com sua capa mágica e aparente conhecimento pleno dos distritos e redes de esgoto, ninguém consegue colocar as mãos nele.

A compilação do mesmo material em softcover.
Para finalizar, o material é bastante inspirador, ao longo desses anos, usei apenas seis NPCs dessa galeria e há muito o que ser aproveitando ainda, principalmente se for iniciar minha campanha de Masque of Red Death, a caixa de Ravenloft num cenário vitoriano. Curto muito a arte também, mas é gosto pessoal. Falando em arte, esses fascículos vinham com lindas artes full pages coloridas (ver foto abaixo), que serviam como divisórias e indexação no fichário. A saber, tempos depois, todo esse material foi anexado ao Apêndice 1 e publicado pela TSR em formato de livro. Eu tenho os fascículos e não me desfaço deles: sempre volto para reler e inspirar aventuras em Ravenloft.


Abraço a todos!      

2 comentários:

  1. Muito boa a resenha, Ranieri. Eu tenho esse livro, em formato soft cover mesmo, e não o original "de fichário". O darklords também é um suplemento interessante. Estou montando uma aventura baseada no Barba Azul.

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    1. Opa, que bom que curtiu. Em breve, novas resenhas, de Ravenloft inclusive. Abraço!

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